quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A Estrada

Vagueei em liberdade tanto tempo
Que o suor das nossas mãos dadas
Não me convencem de que o tempo
Nada tem a ver com a forma como vivemos
Procuro entre o escuro palpar
A sombra deste aroma noctívago
Mas rezo a quantos deuses julgo haver
Pedindo que se cumpra a promessa
Que é amanhecer

Ressaltei de repente enquanto dormia
E sabia-te a meu lado
No meio de uma estrada perdida
Onde todos quanto passam não existem
Estão na transição da sua vida
Procuram exaustos a sua margem

Bebe um pouco de água meu amor
Agora eu sei que aqui tu estás
E que não foges nunca mais deste horizonte
E que levitar é o máximo que estas asas
Nos conseguem levar
Os nossos pés estão activos
E caminhamos por entre pedras e poeira
Tudo o resto que nos rodeia
Sabe quanto a nossa voz é verdadeira
As nuvens estão escurecidas
Mas é dia
E enquanto não chover vou abraçar
Toda a razão que se separou na onda breve
Conhecemos o mar, mas ele está longe
Mas por aqui há um caminhar que nos reforça
A alma que não se cansa de procurar
Um fim ou um início ou um amigo

Ganhei então esta vitória?
Venci por completo toda a vida?
Nada quanto vemos é a decidida
Versão que contará a nossa história
Por enquanto vamos especulando
Entre os passos que damos e que amamos
Por isso eles são belos e sem sentido
Além do sentido que lhe damos
E que tomamos pelo nosso decidido
Estar na vida, senhores do nosso destino

Não há vozes neste caminho
Que alguém decidiu para ser nosso
Será de muitos mais além de nós
Será dos pássaros que voam entre os ramos
E dos lagartos que vagueiam pela berma
Húmida e de musgo decorada
E ainda da chuva e do vento e do sol
E de tudo quanto é ou cria vida
E tudo que é implícito numa estrada
Que vais de aqui para algum lado
Diferente daquela rua solarenga
Que de noite se tansformava
No corredor sombrio de todo o universo
E do que não era conhecido nesse universo

Por isso nos perdemos neste dia
Em que encontramos um novo aroma
Daquilo que preenche o quadro
Perfeito e mutável da nossa realidade
Da nossa palpabilidade e da nossa vontade
De existir neste palco que não é.

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