sábado, 17 de novembro de 2007

A Estrada III

Já vos caláveis
Arremessadores de palavras
Tansversais

A minha voz é muda
Mas não muda
E é sempre o mesmo silêncio
Constrangedor
Dos ventos que não sopram

Antes de aqui estarmos a harmonia
Era outra era vasta e gratuita
Agora está cercada pelas linhas racionais
De quem comprou com as palavras
Todo o mundo que antigamente
Se estendia e todo o ser o entendia
Na sua corrente alucinante de imagens
E que na noite se cobria simplesmente
Apagando toda a luz excepto a lua
Agora brilham altos os painéis
E as lojas estão abertas
As necessidades expandem-se a anéis
Que não governam nenhum sentimento
E que o amor não passa
De uma triste e dura carapaça
Que se veste e se exibe em qualquer praça

Tudo passa como tudo passa
E pouco fica, só uma pequena forma
Que mal se distingue e se assemelha
No conjunto que une tudo e tudo torna
Diferente e irreconhecível
Avançamos no sentido que não prevemos
Deixamo-nos ir por onde não queremos
Somos tomados pelo tempo que não deixa
Antever mais que este presente que se mostra
A cada passo que damos e não é nada
Inteligente pensar que ele é pensado
E que transforma alguma coisa além dos olhos
Este quadro é gigante e nós só vemos
Aquilo que o imediato nos deixa descobrir
Há milhares de outros pontos que não estão
Disponíveis nunca durante tudo o que vivemos
Por isso vivemos, por isso caminhamos sem saber
O que deixamos propriamente que seja
Válido e importante à humanidade
Mas pensando calmamente e sem verdades
Conseguimos oferecer a nossa vida
Ao mais alto efeito que é viver
E fazer de cada vontade um gesto
Que faz mover os ventos de amanhã

Amanhã de manhã já esta rua cá não está
Isso é a estrada que se fez deste caminho
Que é o de ir e descobrir sem partir
Uma rua sem raízes e sem mais
Recordações que recordar que lá passamos
Mas a rua que ficou no pensamento
Não é prevista não é vista só sonhada
Cada estrada pode ser sem nós sabermos
A rua pela qual tanto ansiamos
Mas se vamos prosseguir pelo sonho
Uma outra rua
Então que se deixe esta aberta a outros passos
Que por aqui deixem de ser passos
Como ondas que decidem
Rebentar na areia e voltar a ser o mar
Que aos nossos olhos se confunde com o céu

Não digas nada nem te queixes
É já tarde e já deixamos de ali estar
Tantas ruas já tomamos por estrada
Sem sequer pensar
Que podia ser a nossa rua
Como amnésicos seres que se esquecem
De quem são
E fazem de cada rua um labirinto
Vivo que a cada passo se tranforma
E nunca é igual duas vezes
Mas ali eles nasceram
E viveram toda uma vidaSem saber nem se lembrarem
Nem saberem porquê
E são desconhecidas essas ruas
Sendo estradas que só levam a elas mesmas

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