quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

O Cravo e a Rosa

Só preciso de unir letras num espaço
Como se musicalmente acertasse o compasso
Escrevendo: tu és a razão do que eu faço.

Aprecio-te, quero-te, mais que mais
Quem pode amar sem querer ter?
É a vontade, que de poder amar
Nunca amar o que não se pode ver
Amar é solução e problema de que sais
Para te veres querer dar sem tirar

Solto, é liberdade de um preso
Poder sonhar, voar, sem dar um passo
Pode ser novo ou não, debalde, velho
Sem poder amar, agradar, ser escravo

Poder sem poder de te ter no braços
Fraca rosa que vento de ti faz fracassos
Fraca rosa vermelha, que apenas vermelho
Não traz a liberdade do cravo

Mas tudo fica bem quando se acorda
Tudo fica bem quando se esquece
Mas quando na sombra permanece
O doce terror ao amor dá corda
E então o caminho é alagado
E sozinho se pedincha, sem legado.

quarta-feira, 10 de setembro de 2003

Margarida

Nasce para morrer envolta no seu pecado,
Amor que não renasce, é filha sem fado.
Sentindo imagens em corpos que apodrecem,
Insultos são doces que não morrem nem cessam.

Corpo num copo, afogado na mágoa,
Peixe que percorre em vão a lagoa,
No fundo arca e ouro, piratas de outrém,
Dão luzidia imagem ao reino além.

É amor, é mago, é calor é insulto,
Arranhar cego de sangue dum vulto,
Saliva doce que envolve e petrifica,
Toque de gesto que ao partir, fica.

No teu corpo, nome e alma,
No teu ritmo de aceleração e calma.
Na solidão o coração não pára, ama
O sol que aquece o lençol frio da cama.

A cada manhã,
cada pomba renasce, vã,
para morrer na noite fria de frio,
na penumbra da nuvem de brio
que o sopro do vento esculpe,
para no ciclo em que pecava,
Deus desculpe.

Amor, vive, vive e vive, para adormecer um dia,
e tornar-se a história da passada memória, que foi magia.

quinta-feira, 17 de julho de 2003

inocência do instinto

O sangue que derramas,
do coração que não amas.
Um nome que não chamas.
O calor que emanas...

Evaporação, nuvens vermelhas.
O sol que se põe dispões as velhas telhas partidas
num caminho em que várias vidas se encontram e desencontram.
Apontam a timidez que não encaras quando a vês.
A fluidez de uma mente, a espontaneidade da verdade é diferente... e difícil.
Constantemente aquele que sente é atingido pelo míssil do desânimo.
Momentaneamente a pele ressente, de fé fingido, falso ânimo.
O tamanho das montanhas que encontras são miragens da fantasia,
porque tu és um gigante maior que a tua própria filosofia.
O dia-a-dia faz magia por ti mesmo.
Aprende e surpreende com o que a tua mente desprende,
e prende todo o saber. Só quem desprende a alma é que sabe realmente viver.

Sinto o tempo a passar entre mim e a vida sem pedir licença
A situação é uma constante ofensa permanente sentença
Brutalidade frontal, dádiva divina das ruas que exploro na vida
Informação atinge todos, mas apenas nalguns é percebida
Um simples gesto afogado na estética
Um sentimento expresso pela fonética
Valores desvanecem da mentalidade para a realidade
Uma realidade que não consegues resistir, e te perdes na vaidade
Porquê? Porque é que o tempo interfere?
Na relação que se perde e se auto fere…
Ontem o hoje parecia tão perfeito
Mas o hoje come o futuro e não me sinto satisfeito
Conceito que adquiro, poesia em que deliro
Já que não me mantenho a mim, mantenho o sonho que aspiro
Não há quem ajude a formar aquilo que queremos
Mas é pena porque são eles que formam aquilo que somos
Os olhos são a base dos sentimentos
Porque não consegues esconde-los em nenhum momento
Consegues controlalos, alteralos, mudalos?
Nada feito… precisas da insensibilidade dos calos
Que a vida provoca a quem a realidade invoca
Vive a tua vida, eu vivo a minha, mas as vidas não vivem sozinhas
Tu também não…
Por isso acompanha-me e vive comigo estas linhas

Leve vida que sinto no peso do ser
Que acumula como uma nuvem que não pára de crescer
Nuvens que são moldadas pelo vento
Como eu sou moldado pelo tempo
Depressa as que eram claras ficam escuras
O sol desaparece
Cai a água como mágoa pelas ruas
A rua merece
A água escoa e purifica
O sol é que ilumina o opaco que fica
O que não fica vai escorrendo pelo vidro do meu ser
Desde que não estale, toda a mágoa vai escorrer
E desaparecer
Exorcizada pela alma pecada
Como tudo é tudo, eu não sou nada
A trovoada mental atrofia o real...
Mas as nuvens vão e vêm isso é certo
Então coexiste porque ninguém vai estar por perto
Quando precisares, no lugar exacto
Por isso faz um pacto contigo
Fica sempre presente, és o teu maior amigo

Abaixo do silêncio das árvores perdido
Aves encarceradas no sóbrio prédio
O silêncio envolve-me no ruído
Perante o precipício em que caio neste tédio

É procurar uma folha e encontrar um caderno
É ter uma lâmpada e acender uma vela
É afogar-se na mente e arder no inferno
É perder-se no coração e encontrar-se numa cela

Acender um cigarro, pensar e adormecer
Acordar no escuro da vela que ardeu
Fazer o que nos dá prazer e lentamente morrer
Iluminar a face daquela que nos esqueceu

Perdoar o pecado daquela que é inocente
Aquela que nos mata na inocência do instinto
Janela que nos trata na ausência do presente
Chuva ácida que cai sobre mim mas que não sinto

(2002/2003)

terça-feira, 1 de julho de 2003

Ao som da tua alma

Encontro a tua alma na escuridão da mente
Mostro a lua calma, vã noção, sã, diferente

A vida dança,
o vício avança,
a esperança morre,
a vontade corre
não alcança
e apaga memórias lindas…muitas idas, muitas vindas
constantes, ao mundo que era antes,
que é agora, os olhos firmes, a alma chora,
desespera por uma mera amizade,
para que sentir a culpa quando sempre dissemos a verdade?

Para que sentir me só quando há tanta gente na cidade,
ao meu redor, tanta gente como eu à procura de um pouco de amor,
calor da chama que derrete,
cada um preocupado em sair do buraco em que se mete
mas só a vida já é um buraco em que caímos e berramos
o ar é vácuo, ninguém ouve os nossos lamentos,
ninguém sente os nossos sentimentos,
não há quem nos dê a mão nos momentos difíceis,
quando estamos constantemente ameaçados por mísseis,
o amor desvanece, a mente permanece, o stress aparece
e fode-nos mas eu apostei no amor desse no que desse.

Amo-te, juro! Daqui para o futuro, seja mole, ou duro, seguro ou inseguro, quero tê-lo contigo,
quero vivê-lo contigo, se tu estás comigo, acreditas no que digo? Acreditas no que sentes?
Quando não mentes, as nossas mentes estão ambas presentes, abstractas e indiferentes e eu…
Amo quem me rodeia…aquela que todos os dias vem cheia,
de amizade, e em mim semeia,
quando está longe, a saudade.

Aquela que não monta uma teia,
que passeia pela minha cabeça como a areia
escorre pelos meus dedos,
no caminho em que a esperança morre,
como os meus medos.

Estou possuído por sentimentos
que pensava que era eu a possuir.
Absorvido em pensamentos
ligados a ti que me fazem sorrir,
me ajuda a construir o que sou hoje,
o que serei amanhã. A verdade não me foge,
quando nenhuma rima é vã.

É a beleza da tua mente
Que dá vida a esse corpo teu
Trás ao auge a quem o tem presente
Leva à morte àquele que o perdeu

Não importa o papel mas o poema
Não importa o artista mas a arte
Quando vem o coração amor é o lema
Quando vem a mente o coração parte

Amo-te, juro! Daqui para o futuro, seja mole, ou duro, seguro ou inseguro, quero tê-lo contigo,
quero vivê-lo contigo, se tu estás comigo, acreditas no que digo? Acreditas no que sentes?

Encontro a tua alma na escuridão da mente
Mostro a lua calma, vã noção, sã, diferente

domingo, 1 de junho de 2003

"Aqui tens, o inocente revólver para a eternidade”."

Entra, no corredor da dor,
atmosfera densa.
Sacrifica-te pela tua crença,
tu nasceste para vencer.
Vou-te espetar esta caneta no coração, vai doer.
O sangue vai escorrer pelas ruas, das noites sem luas.
Vê o reflexo do brilho dos pirilampos na faca, já suas!
Vê o lado negro do que te ilumina,
aquilo que parece inofensivo por vezes é uma mina.
Não te fascina tanto assim, a chacina, o fim?
O início? Vício é o ofício, a sombra ganhou face…Aquele monstro sem classe,
sem pinta, sem estilo. E não só...…Perfuração sucinta no coração. Até dá dó.
Ouve o grilo que canta,
não me espanta, se desejasses neste momento,
ser como ele.

Vejo a tua aflição, à flor da pele.
A tinta que pintava amor,
agora tornou-se na arma sem identidade.

"Aqui tens, o inocente revólver para a eternidade”*

*o anjo mudo, Al Berto

sexta-feira, 9 de maio de 2003

Amo (uma pequena cena)

É tão fácil virar as costas a quem não gostas
E então mostras faces poluídas de sombra
Nem sequer pensas na palavra que proferes
Sabes que estás bem, digas o que disseres
Mas não sabes como me sinto agora
Estou morto por dentro, vivo por fora
Não existo, nem tenho memória de ter existido
Sou apenas uma história, um holograma construído
Pelo tempo, pelo pensamento, não sou nada
Não tenho estrada nem destino
Não tenho hino, nem voz
Não sou eu, como podemos ser “nós”
Não estou indeciso, é que não tenho por onde decidir
O meu paradeiro não é conciso, não tenho para onde ir
Não tenho motivo para sorrir
Nem lágrimas para chorar
Não posso voar
Mas não assento no chão
O sangue não corre, escorre, não tenho coração
Não sou realidade, não sou ilusão
Sou uma verdade que vagueia na cidade
Do pensamento daquele que diz existir amizade
Amizade não tenho, é apenas um favor
Apenas há atracção, não existe amor
Eu não existo
Não subsisto de palavras
São apenas histórias macabras
Sou apenas páginas rasgadas
Não tenho linhas
Tu caminhas para mim
Mas não chegas ao fim
Não tenho eternidade
Não tenho infinito
Não tenho visibilidade
Nem voz, apenas grito
Não escrevo, apenas devo um legado de pesares
De que a minha existência não passa de olhares
Não passa de mares
Que se misturam com ares
Vês bolhas de água
São a mágoa das profundezas da alma
Não existe calma
Não existe pressa
A vida não cessa, mas não sei onde começa
Agora confessa, achas mesmo que eu valho a pena?
Eu não é nada, é apenas… uma pequena cena

amo

Todas as pessoas são almas
Onde pára o coração?
Perdido pelas ruas
Tanto minhas como tuas
As luas não iluminam
Quando o teu brilho as denominam
Como tudo á face da terra
E tudo o que nela encerra
Fascínio, não domínio
Extermínio, do exterior
Onde pára o amor?
Perdido pelas ruas
Tanto minhas como tuas
Onde paramos nós
Onde pára a nossa voz
Para dar lugar à tua presença
Damos valor ao que iluminamos
E não à luz que possuímos
Dentro de nos mesmos
E onde paramos nós?
quando sem coração nem voz
Somos apenas solidão de almas
As palmas das mãos suam
Os ventos na parede recuam
E onde pára o vento que
Batia na tua face
E onde pára o sol que
Outrora te revestia de classe
Pinta, estilo
E onde pára o só?
E onde vem esse nó
Que provocas quando evocas
A tua beleza que
Até um cego a vê…

Estrito e Inscrito III

Insere-me no teu compromisso,
Eu não falo mais de amor, prometo,
Insere-me em ti, eu, concreto.
Não falo mais de amor, derreto!

Mas prefiro derreter, a perder consciência
De ti, experiência, de nós, inocência na voz…

Serei tu, juventude eterna! Inconformados!
Ventos irrisíveis de infantes reformados
Olhos e partículas invisíveis
Somos homologados, catalogados,
Criadores perfeitamente recortados.

Informativo que se aclame, são a voz do povo!
Quebrantes de fórmulas, quebra ovos,
Quebra-nozes,
Quebra vozes,
Quebra instantes em estantes,
Quebrando estantes em instantes.

Informa a tua vida, imparcial!
Renova a tua ida, superficial!
Recorta Ilíada e cola-a no teu caderno,
Nesta nova era escrevem dedos eternos,
Isola e recorta, e chama-los inferno!

quinta-feira, 1 de maio de 2003

Verdadeira

Sofrimento de um sofredor
a quem a dor se disfarçou de amor.
Quando a mente se ajoelha ao coração,
quando a razão perde inspiração
na submissão à acção, indistinto
em que dou vazão ao instinto.
Não penso quando escrevo, mas sinto.
O sentir não mente, a mente não sente,
quando o impresente nos conquista para sempre.

Desespero de ficar preso na vista,
inocente, pura, mas dista da realidade,
da felicidade em que não acredito
porque já só grito pela verdade.
Pela solidão.
Verdade não se divide entrega-se, inteira.
Solidão não se guarda, partilha-se, verdadeira.

terça-feira, 29 de abril de 2003

Estrito e Inscrito II

Os rios congelam no frio do teu olhar,
O coração implode no desejo insatisfeito de dançar.
O piano toca, nota a nota, a melodia do teu rosto,
Fecho os olhos, redesenho-te, a meu gosto.

Sentimentos irascíveis, momentos risíveis,
Aconchega-te no parto da rotação terrestre.
O tempo deixou de soprar nestes níveis,
Gota a gota apercebo-me que a vida é um teste.

A Quê?
A Quem?
Porquê?
Ninguém!

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Estrito e Inscrito I


Bondade que se aproxima, é a vida adormecida,
Convulsões em lágrimas e provisões são cábulas,
E previsões são fábulas,
A vida adormece sem apoio, flutua.
A vida não concreta, não é minha, é tua.

Voa!
Estou convicto que a vida não morre!
A lua, flutua mas não alcanças…
É tua a saudade da loucura às crianças.

Olha-me nos olhos agora correctora de sonhos,
Despe tudo, explica a acção dos teus olhos,
Consegues ainda distinguir-me da multidão?
Eu sou o espectro fantasmagórico da solidão.

Voa!
Numa cidade sem esgotos que crias e funciona,
No mundo onírico onde a esperança não morre,
A lua flutua mas não alcanças o que me percorre.
Sou saudade e loucura do ventre às crianças…

E depois vem a lua, o passeio e as árvores,
O som da água é o único legado, um eco eterno,
A capacidade de pensar que tudo é efémero.
É o pecado da crença de que morte é sentença.

Voa!
Pássaro voa!
O céu é segurança certa,
Voa, a gaiola está aberta!

domingo, 27 de abril de 2003

caminhando sem sabor
ondulando pelo tédio
de saber o caminho de côr
de ter a vida por prémio

ser, sou o que vejo
viver, vivo de exagero
amor, a ele me almejo
sonhar? sonho o que quero

caminhando neste piso
sabendo o piso seguinte
tudo o que digo analiso
o que analiso é ouvinte

sendo assim sou eu
as lágrimas são marés
todo meu choro é teu
e tu? diz-me quem és!

quarta-feira, 2 de abril de 2003

Flor

O mal é temporal
O bem é eterno
O que sinto é solidão
O exterior é inferno
O rancor se torna terno
No amor sem governo

A mente não comanda o corpo
Possuído por sentimentos que pensava ser eu a possuir
Sentimentos que navegam, sem porto
Pelo mar da mente poluída, à espera do que há-de vir

Mas o que vem nunca se espera
Pelo que convém se desespera
Quem espera nunca alcança
Porque nessa confiança, não existe mudança
E nós somos noivos da mudança

A vida é pura fantasia
A realidade é total utopia
Porque o tempo nunca cura, é apenas anestesia
E a cada dia que passa
A cada noite fria se desgraça
Agrava e crava, cava um mesmo vazio
Mas a cada lágrima que escorre, crio
Solidifico e aqueço esse frio, a alma sua
Como o sol ilumina e aquece a lua

O sentimento vai mas há-de voltar
Tal como o vento, não é linear
E o sentimento regressa como todo o Outono
O sentimento cessa como todo o Inverno
O sentimento renasce, terno, como toda a Primavera
O sentimento arde em fogo, como todo o Verão
E sentimos a nostalgia, viajando pelo tempo,
olhando as cinzas se afastarem, em ritmo lento,
como andorinhas, desaparecem no horizonte
em que tento projectar e reflectir todo o sentimento
que vai, mas voltará, como o Vento.

Escritos de ritos de inspirações,
de noites com iluminações.
A vela que ilumina, também aquece.
A sombra que se vê nem sempre é o que parece.
O desejo renasce em novas faces, quando o matamos.
Mas o amor, tem várias classes.
Apenas o intitulamos como o mesmo sentimento,
com o pensamento no objecto amado…Quando o amor ultrapassa o desejo pecado,
sentimos o valor do objecto que ganha vida.
Que tem uma vida! Cuja unificação causa ferida.
Pela razão do coração a intuição é movida.
Da consciência a despedida.
A loucura é bem vinda.
Sensualidade mental, verdade espiritual, o amor se torna tudo.
O ouvido da razão fica surdo.
As almas unem-se, tornam-se pirilampos de noites sem luas.
Nos campos sem sombras. Palavras são fadas, almas iluminadas pela perfeição.
Sonho que desperta na ilusão da vela que ardeu.
Mas que a esperança não cesse.
Porque a vela que ilumina também aquece.

O mal é temporal
O bem é eterno
O que sinto é solidão
O exterior é inferno
O rancor se torna terno
No amor sem governo

Flor, arde, antes que desvaneças
Flor não fujas, ardes em mim até que cessas!
Não me faças perder-me em ti!
És a flor errada que eu colhi!
Não me possuas, não me venças,
Não me diluas, em falsas crenças!
Esperanças!
Danças em noites sem lua!
Noites vazias, só eu, à tua procura!
Noites sem sombras, nem palavras!
Noites das quais não há almas escravas…
Não me prendas, não me prendas!
Não invoques lendas alegóricas!
Não me toques, não me iludas em falsas realidades categóricas!
Não me foques, não me entranhes.
Não me ganhes, não te quero!
Arde antes que desapareças
Porque se desapareceres, deixas lembranças!
Arde, tu, e o sentimento maldito!!
Arde, tu, não me afogues aflito,
Em magoas de chuvas vindas de nuvens em que estou.
Não quero subir nelas, para depois cair como a chuva no chão!
Que volta a evaporar e a cair em locais distantes…
Por favor, amor, volta a ser como eras antes!
Não sou cíclico, o passado não se repete,
No presente que se reflecte.
No futuro que não promete,
Apenas lança esperança, como chuva no mar!
Apenas lança confiança, como mágoa no ar!
Apenas lança a lança no coração que não se alcança!!!
Balança sem equilíbrio tudo pesa para o vazio,
Tudo reza para que se faça calor do que frio!
Há erros que se cometem,
Há erros que não prometem,
Mas não há erros que marcam!!
Há amores que empatam!
A nossa mente no caminho,
Quando pensas que há 2 jogadores, e estás a jogar sozinho…

O mal é temporal
O bem é eterno
O que sinto é solidão
O exterior é inferno
O rancor se torna terno
No amor sem governo

terça-feira, 1 de abril de 2003

Alem

As minhas mãos tremem
Tremem as mãos mas ideias conseguem
Pôr cabeças a voar pelo ar que ofereço
Despedem-se do corpo como o sol do dia
Mas estão certas do regresso
Porque não há separação entre realidade e fantasia

Não preciso que me digam, que curtem o que faço,o que digo quando traço, a rima com que
desfaço, a poesia num só pedaço. Ponho as cabeças a voar pelo ar que ofereço.

Sem tema nem lema,
apenas o dilema que é a solidão.
Momentos em que vou bem, noutros não.

Um gesto, uma expressão,
uma certeza, uma sensação,
uma esperança, uma ilusão.

A confiança nunca causa destruição.
A ambição é o veneno do coração, é o pecado.
No certo e no errado, na balança da confiança,
os pesos são sentimentos, ilesos só os momentos já vividos,
nunca esquecidos, pois são a base do nosso presente,
imbuídos no nosso inconsciente.

Além da realidade, atingimos outros cimos.
Além do que captamos, vamos ao que sentimos.
Além da poesia, além do poeta, o sentimento que inspira,
o momento expira, e a mente delira, até que a verdade se adquira.

Pessoas que nos rodeiam,
ódios que nos odeiam,
medos que nos receiam,
amigos que nos falseiam.

Concretizo o abstracto,
abstraio-me do concreto,
o intelecto é um filho bastardo,
o afecto é um fardo que carregamos,
pelos caminhos da vida,
as pessoas a quem os entregamos
são um penso para a ferida do tempo,
são um incêndio ao vento,
transformam-se no espelho que enfrento,
são o tudo no nada,
são os raids da estrada,
são as fadas das noites sem luas,
onde as palavras, são tudo, pois não há sombras…
Além do mundo das aparências,
no fundo de todas as consciências,
está um deus mortal,
estão os céus da moral,
mas não as conseguimos ver,
por causa das nuvens do real.

segunda-feira, 10 de março de 2003

Erosao do Espirito

25 de Outubro de 2002

Cada passo que dou descubro mais um pouco sobre mim próprio, balançando num desespero do batimento e do sóbrio. Cada passo que dou, piso, sobre um sonho, indeciso, o futuro nada risonho em que inicio mais esta atitude de escrever sobre o que sinto para que tudo mude. Não consigo descrever, a vida é demasiado rude, demasiado complicada, mas são estas demasias, que fazem com que me aguente nesta sucessão de noites e dias, pensamentos e filosofias, percorrem aminha mente constantemente, vivendo a vida corrente. Nada é como antes tudo é como sempre... foi, dói a quem sente e a que ficou sentido, mas a vida é mesmo assim, nunca nada fica perdido.
A vida é como um sonho, vale sempre a pena vivê-lo, nem que seja para aprender qualquer coisa sobre ela mesmo que sendo um pesadelo. Toda a gente que vive connosco este sonho, em que me proponho viver, percorrer dê no que der, não passam de imagens criadas para dar algum sentido ao que vives, para seres incentivado e para que incentives. A vida é fodida, mais curta que comprida sempre ouvi isto, mas se paras ela continua e ficas para trás ta visto, não mordas o isco, o material não te trás felicidade, só te felicita, escondendo a verdade, e te indica um caminho de insanidade para o vazio, num mundo frio e cruel, onde o banal é natural e o mal é a tua pele. Tento desabafar o que está dentro de mim para mim, vivo o máximo, estendo-me até ao fim, até que um dia tudo acabe... terá de ser assim!
Mas afinal o que é que estou aqui a fazer, escrever é como um dever que tenho. Procurando saber para onde ir e donde venho. Estranho é tudo isto, mudo existo, tento, coexisto, assisto ao panorama, não vou pela fama, não há trama. Sons em que penetro, compreendo, ouço... não consigo, mas entendo, balouço. Quero chegar a algum lado, não posso ficar parado, não fico calado, é este o estado, não há pecado... Religiões, indecisões, movimentos financeiros que trazem lucro de milhões a meia dúzia de instituições que promovem a paz, utilizando armas: o dinheiro. O mundo inteiro a olhar, brincam com os nossos sentimentos manos! a paz está dentro de nós e vem daquilo em que acreditamos, na fé que temos no que sonhamos, vamos em frente e de pé e concretizamos.

sábado, 1 de março de 2003

Solidao

Solidão:
És o filtro para os resíduos;
És o peso de factos ambíguos;
És o remédio do tédio humano;
És o ermo no céu urbano;
És a chuva que alivia as nuvens quando eu me encontro nelas;
És as velas da alma que iluminam belezas belas,
Como a vida, pintada na tela… da solidão!

Solidão quem és tu? Que me acompanhas…
Amiga de verdade e na saudade me ganhas;
A vida é tão bonita na harmonia da tua companhia,
A cada dia me convences, da porcaria que tu vences,
Cada um é uma ilha rodeada de subjectividades latentes.
Solidão, tu és a filha de verdades tão distantes;
A vida molda-nos, para ser-mos nós a moldá-la.
A alma vive sempre e no nosso interior fala,
Uma língua imperceptível, qual será o conteúdo?
A solidão é o tradutor, do valor que está mudo;
Pela via do meio vou vivendo e vou morrendo,
As pessoas receio, recuando e avançando
Viajando… a terra vejo-a da lua,
Onde todo o rio, no meu mar desagua.

Acredito em ti, e tu em mim,
Cada momento juntos, não tem fim.
Todos os sentimentos se tornam puros objectos
Que eu moldo e relaciono aos afectos,
Queimas-me com a razão,
Afogas-me na solução,
E apenas apareces quando os outros não estão,
Numa fracção de segundos, páras os 2 mundos…
O tempo muda de forma, e se transforma num holograma,
Onde a fama social, não me trama o real, porque eu sou igual, diferente, como quiseres… quando
quiseres, o importante é se não feres!

Sozinho absorve-te na solidão,
Pelo caminho da subversão;
Ao que sentes quando tocas,
Ao que sentes nas mentes que focas,
Ao que vês quando acordas,
Ao que pensas quando adormeces,
Mas quando se partem as cordas,
E não tas habituado à solidão, logo padeces
Do remédio que a mente aprova,
O tédio passa, quando o real escava a cova
Para te enterrar vivo, mas inconsciente,
E tu te enterras na amizade carente
O presente eloquente já não te fascina
E tu te afogas nas tuas lágrimas, chacina
Da tua sina, estás condenado
A viver no pecado e no errado,
Se estás desapontado com os outros
Então acorda para razão
E procura se és tu ou são os outros que tão loucos,
Acorda pró sonho que é a solidão,
Porque os consolos reais, são poucos.

A infidelidade só se desculpa com a confiança;
A felicidade, não se atinge com esperança;
(Mas já não consegues ir além da esperança!
Avança!)
A verdade, não é coexistente;
A perfeição, não é coerente;
A convivência sem benevolência,
sem consciência nem coerência,
só trás violência entre o meu e o teu coração,
Por isso eu te tenho como amiga, Solidão:

És o filtro para os resíduos;
És o peso de factos ambíguos;
És o remédio do tédio humano;
És o ermo no céu urbano;
És a chuva que alivia as nuvens quando eu me encontro nelas;
És as velas da alma que iluminam belezas belas,
Como a vida, pintada na tela… da solidão!

Talento inato, o destino não vem no plasma.
Alento pacato, o retiro de um fantasma,
Sentado no propósito da vontade,
Ignorado pela realidade
No labirinto da verdade.
Influência não atrai
Na consciência em que se cai,
Só a demência me trai.
Fantasma influente, com afluente do desígnio de demente,
Talvez por viver da mente, plenamente pela mente para a mente
não se mente.
Delinquente não serve, dissidente não ferve a água poluída em que navego,
no escuro mas não cego, entrego o que me transmitem, obrigado!
Preso mas não culpado, no fado não interessado, presente é o pecado,
passado é o fardo, mas a vida é assim e eu já estou habituado.

A mente é o puzzle, a vida é o labirinto onde choveram as peças,
e pelas suas paredes pinto sonhos, não os meças.
Se te pedem que esqueças: Não obedeças.
Nunca esqueces, apenas adias e então os dias pesam na consciência,
paredes vazias levam-te à demência,
só te resta olhar o céu, sonhar, sem juiz não há réu
e pintar para que o que é meu, também seja teu.
E vice-versa, o que interessa é viver para quem está à minha frente
não nas costas, mas não respiro, sufoco demente, que me importa se não gostas?
Mais do que pensas, quero ficar bem contigo, mas se não estou bem comigo,
estou mal com o meu melhor amigo, a dependência é um perigo.
As ruas do inimigo, irrigo de amizade, a finalidade? É a verdade que procuro,
é na tua mão que me curo, é no teu sorriso que me seguro…
mas também, isto não é um precipício, é apenas um muro sem porta,
no inicio, aquele que é puro não se conforta com as toxinas que mandam à cara,
quando a feridada fragilidade apenas sara no bem-estar com o oponente…
cabou a paciência, a defesa é o ataque, da minha mente.

sábado, 1 de fevereiro de 2003

Ao som da tua mente, Expressando-me

A vela que ilumina o meu coração, fá-lo arder em chamas.
Pelo calor da cera que derrete, queima, o coração que não amas.
Sou como um livro nunca editado, em folhar que tu vais lendo.
Um livro que não compreendes, mal amado, na confiança, que vai perdendo.

Como um livro, esquecido numa estante, distante, de olhares.
Perdido em bares, sem sentido, sem rumo, inspiro, ares
Como fumo, assumo a que me resumo, a nada sem ti,
presente noutro mundo, tudo o que eu vi, perdi e vou ao fundo,
vagabundo, em pensamentos, em breves momentos, o fim é a solução,
nestes tormentos, de amor sem retribuição.
Afogo-me na mente, a rima é a salvação,
que me traz de volta, a revolta, de pé, com fé
no que faço, no que falo assim, no que aspiro,
o que tens, trá-lo até mim.
Respostas não tenho, mas dou-te as perguntas,
consigo amar corpos lindos em almas defuntas?

Que é de mim, sem ti aqui? Para poder fazer, aquilo que preciso,
definir o impreciso, friso o que sinto, falo a verdade, nunca minto.
Finto vontades, disfarço saudades, único e verdadeiro,
sem múltiplas identidades. Amo o impossível, previsível o resultado.
Quem esconde o que sofre é quem sai mais magoado.
Rumo incerto, horizonte perto, coração na mão, aperto.
Aberto para te receber, ter o que mereço.
Faz-me crescer, conseguir ver, o que andas a fazer.
Eu assisto e descrevo. A ti te devo todo este impulso,
imagina se estivesse-mos juntos porque o nosso amor é avulso.…O meu pulso acelera, a mente dilacera,
não és uma mera miúda, mas um fera.
Quem me muda, o meu estado se altera,
quem me dera muita coisa, do pouco, tu és tudo.
Olavo, escrevo certo, nunca acerto, para sempre miúdo.

És a razão de tudo o que eu faço,
És a rotina que eu não ultrapasso,
És um pedaço
meu;
És tipo água que ardeu;
És tipo mais profunda que o próprio céu.
Tu és o juiz, e eu sou o réu.
Estou dependente de ti, estou sempre assim,
tu fazes a parte mais importante de mim.

A vida é o bem e o mal. O amor é uma forma de viver a vida. Em que tanto o bem como o mal, são irrelevantes.
Amar ultrapassa a vida, ser amado ultrapassa-nos.

Nunca te esqueças, eu estou aqui!

2001

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