quarta-feira, 9 de abril de 2008


Pois... por ter vivido as entranhas
E por ter experimentado as manhas
Das estranhas ruas que desenhas
Posso preferir as façanhas
Ao óculo da lucidez que ganhas
E queimas o tempo qual lenhas
Sentindo calor nas brasas
Mas sem fazer mais que ver rasas
A experimentação de um coração
que arranha
Mas perdendo também o palpite
Que apalpa o tempo sem que debite
A negação de a uma tentação
medonha

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Racionais os passos que damos

Como podem ser racionais coisas que damos
Ainda para mais com os pés?
Se sempre que somos não estamos
E sempre que vens, não és.

Tudo tem significado

Como pode tudo ter significado
Se tudo o que temos não é nosso?
O que é teu é a carne e o osso
Tudo o que pensamos é roubado.

Sorri, que a vida é curta

Como pode ser curta se na sorte
O tempo nem sequer existe?
Tu olhas as minhas mãos e riste
E elas são grandes em morte

Sorri, que a morte é grande

E então coras e oras e choras
E o teu caixão ainda está aberto
Nas horas de paixão, desperto
No que da minha voz decoras

sábado, 5 de abril de 2008

Aqui

Parti à descoberta do que um dia vi,
Segui, pela estrada,
Como se de uma procura se tratasse.
Vivi para que um outro eu, eu encontrasse,
E me encontrei naquilo que não estava 
Aqui.

Conspirei com mim mesmo a descoberta,
Fechei dentro de mim o que me deram,
Sem dar por mim todos os males entraram
Sem nunca eu ter deixado a porta aberta.

Dancei onde não estive e não ouvi
Tudo aquilo que tinhas para dizer
Decorei os teus lábios, e os teus olhos, e o meu prazer
E o que esperava serem sonhos de homens sábios
Eram flores deixadas para ti

Aqui

Amaria o momento se ao amar
Conseguisse decorar sem o saber
Mas ao sentir tudo vem a desabar
Na casta incredulidade do Ser

Libertei o meu pensamento
Do poder que tinha no que anseio
Saí do quarto do alheamento
Para vir adormecer no quarto alheio

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Só o teu olhar pode dizer o quanto eu te amo.
Estou perdido e já não faz sentido a meta,
Enquanto eu ouvia tudo o que ela dizia:
Eu sou poesia, não sou poeta!

Só as tuas mãos sabem o quanto odeio o que eu não sou.
Quando sou sentimental abomino o sentimento,
Decido ser racional e engano-me no raciocínio.
Eu amo o declínio! E amei o momento…

Os teus cabelos brilharam e eu não disse
Aquilo que eu realmente quis dizer.
Doer nunca doeu! Vai doer quando morrer,
E tudo o que eu for eu não vou ser.

Eu juro-te que gostava de procurar
Se houvesse arquivo
Talvez fosse a distância
Mas isso não tem relevância
Quem sente não mente
Quem mente, está vivo.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Eu sei lá! É estranho falar do que não sabemos o que é, mas que maior definição há de algo do que o termos vivido, experimentado, olhado de perto? Há mais lucidez olhando de longe, há mais razão nas palavras, de perto temos apenas o sentimento, o instinto mais aguçado, a espontaneidade maravilhosa do toque que gira a roda do destino, mas não sabemos o que é. Não sabemos o nome, sentimos-lhe o cheiro, também não precisamos de chamar algo que está tão perto. Não conhecemos as alturas, medimos palmo a palmo duas vezes ou três a mesma distância. Não sabemos a cor mas gabamos-lhe os tons e as sombras são coisas que não existem.
É isto que é viver de perto algo. Isto é algo que todos sabemos o que é... O que são, são múltiplas formas, múltiplos espaços e conversas.

prática sonho teoria © 2008 Template by Dicas Blogger.

TOPO