domingo, 28 de dezembro de 2008

Poema-gota

Estou triste
Pelo que não existe
O que não é
Nem consigo imaginar
Palavra-negação
Passeio desdobrável do tudo
Intensão inteira e repartida
Mas emparedada
Parto improvável da verdade
Rasgo de loucura e de bebedeira
Irromper do absurdo
(desonesto)
Palavra-improvável
Palavra-palavra
Invenção pura invenção de si mesma
Gota insolvente da verdade
Palavra-gota
Gotejar ruidoso… Imperfeito… Variável… Riscado.

Poema-silêncio

Eu nasci para vir dizer ao mundo que o que sinto é único
Eu vim da tua imagem parada
Neste poema-silêncio
Pedaço que cai para fora
Coisa que não é
Que não acontece
Que não existe
Que as pessoas não vêem quando abrem a janela

Quem me trouxe este choro que transbordo
Na minha pele como tinta invisível
Por este poema-lágrima
Gota a gota
Salgado e amargo
Quente e estranho
Rio de ti que deixei fundar seu leito

Eu vou pela margem
Vou pela ponte
Voo por cima
Poema-intocável
Da tua existência passada
Sou testemunho, muito mais,
Sou julgado pela tua fugaz presença
Neste poema.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Terrivelmente se inspira a vida em mim
Por estas pequenas páginas de papel clarividente
Informado pela sombra de luz que não vem
Por um som vago e indelével de um crepitar inteligente
Sou um viajante sem linhas
Percorro o que me percorre
Como uma busca obscura e sem movimento
Só mudança muito interior
O mundo é uma colaboração permanente com os nossos medos
E eu sou, como todos, a punção,
A morte e a vida entre os dedos
E escrevo, por isso escrevo
Para encher de vivas faces brancas
E esvaziar os bolgsos caso alguma nota me ficasse
Das noites em que compro tantos mundos

Incomoda o espírito cada vez que no meio do ruído surge a fonte de todo o existir como um fantasma fora do seu local próprio de existir e onde o ar parece rarear como um suspeito de si mesmo o fantasma ocorre
E espanta e ilumina
Não canta, não tem voz
(Perdeu-se
Mas ouvem-se ao longe, mais longe que os rumores, seus pensamentos e eu os escrevo, ou escrevia, pois agora tudo de mim foge como o tempo e só de mim para mim eu fico num encontro furtuito da verdade e do silêncio que a percebe (e a expressa) no seu entender absorvente
Impaciente) com uma luz na ponta do nariz
E fumo na boca
Ao odor quente e seco de um cigarro
Acorrem seus pensamentos de existir
Numa calma imperfeita e insensata.
Ah! Quão insensato, o meu amigo!

sábado, 20 de dezembro de 2008

E a face delimitada pelas paredes
E pelos sorrisos que a luz tinha
E tu permaneces inteira e fechada
Longe da verdade e do mundo

E nestes versos de suicídio
Existencialismo para além de nós
Fumo um cigarro e ouço
Todos os passos a serem dados

Não mais

Leva a máquina fotográfica para tirar fotografias
Mas para que queres tu tirar fotografias?
Para te remoeres insípido contra o tempo
Ajudando novo tempo a ser passado contra ele mesmo
Como um espelho em que já não te reflectes
Num passado que (como tudo) deixaste escapar?

Já a tua mãe dizia que não sabias guardar nada,
Nem um segredo. Talvez saibas guardar um segredo,
Porque os segredos nem são coisa nenhuma.
Não te sabes é guardar a ti, perdes-te com facilidade
Empurrado por memórias de um vapor que tu turva
Enquanto ferves o teu sangue onde cozinhas
A tua própria insatisfação com o que vês

Nunca gostas do que vês pois não?
Gostas sim do que imaginas.
Ah, nem do que imagino eu gosto.
Não vale a pena perderes tempo comigo.

Perdi-me.
Deixei de existir.
Pega num papel e escreve.
Não escreverei mais,
A inquietação do porvir
Nada mais me deve!
E os gritos imortais,
De punção sublime,
Presunção de crime!
Apanágios banais!
Inspiração leve.
E o espírito a rir,
Não mais!

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