terça-feira, 29 de abril de 2003

Estrito e Inscrito II

Os rios congelam no frio do teu olhar,
O coração implode no desejo insatisfeito de dançar.
O piano toca, nota a nota, a melodia do teu rosto,
Fecho os olhos, redesenho-te, a meu gosto.

Sentimentos irascíveis, momentos risíveis,
Aconchega-te no parto da rotação terrestre.
O tempo deixou de soprar nestes níveis,
Gota a gota apercebo-me que a vida é um teste.

A Quê?
A Quem?
Porquê?
Ninguém!

segunda-feira, 28 de abril de 2003

Estrito e Inscrito I


Bondade que se aproxima, é a vida adormecida,
Convulsões em lágrimas e provisões são cábulas,
E previsões são fábulas,
A vida adormece sem apoio, flutua.
A vida não concreta, não é minha, é tua.

Voa!
Estou convicto que a vida não morre!
A lua, flutua mas não alcanças…
É tua a saudade da loucura às crianças.

Olha-me nos olhos agora correctora de sonhos,
Despe tudo, explica a acção dos teus olhos,
Consegues ainda distinguir-me da multidão?
Eu sou o espectro fantasmagórico da solidão.

Voa!
Numa cidade sem esgotos que crias e funciona,
No mundo onírico onde a esperança não morre,
A lua flutua mas não alcanças o que me percorre.
Sou saudade e loucura do ventre às crianças…

E depois vem a lua, o passeio e as árvores,
O som da água é o único legado, um eco eterno,
A capacidade de pensar que tudo é efémero.
É o pecado da crença de que morte é sentença.

Voa!
Pássaro voa!
O céu é segurança certa,
Voa, a gaiola está aberta!

domingo, 27 de abril de 2003

caminhando sem sabor
ondulando pelo tédio
de saber o caminho de côr
de ter a vida por prémio

ser, sou o que vejo
viver, vivo de exagero
amor, a ele me almejo
sonhar? sonho o que quero

caminhando neste piso
sabendo o piso seguinte
tudo o que digo analiso
o que analiso é ouvinte

sendo assim sou eu
as lágrimas são marés
todo meu choro é teu
e tu? diz-me quem és!

quarta-feira, 2 de abril de 2003

Flor

O mal é temporal
O bem é eterno
O que sinto é solidão
O exterior é inferno
O rancor se torna terno
No amor sem governo

A mente não comanda o corpo
Possuído por sentimentos que pensava ser eu a possuir
Sentimentos que navegam, sem porto
Pelo mar da mente poluída, à espera do que há-de vir

Mas o que vem nunca se espera
Pelo que convém se desespera
Quem espera nunca alcança
Porque nessa confiança, não existe mudança
E nós somos noivos da mudança

A vida é pura fantasia
A realidade é total utopia
Porque o tempo nunca cura, é apenas anestesia
E a cada dia que passa
A cada noite fria se desgraça
Agrava e crava, cava um mesmo vazio
Mas a cada lágrima que escorre, crio
Solidifico e aqueço esse frio, a alma sua
Como o sol ilumina e aquece a lua

O sentimento vai mas há-de voltar
Tal como o vento, não é linear
E o sentimento regressa como todo o Outono
O sentimento cessa como todo o Inverno
O sentimento renasce, terno, como toda a Primavera
O sentimento arde em fogo, como todo o Verão
E sentimos a nostalgia, viajando pelo tempo,
olhando as cinzas se afastarem, em ritmo lento,
como andorinhas, desaparecem no horizonte
em que tento projectar e reflectir todo o sentimento
que vai, mas voltará, como o Vento.

Escritos de ritos de inspirações,
de noites com iluminações.
A vela que ilumina, também aquece.
A sombra que se vê nem sempre é o que parece.
O desejo renasce em novas faces, quando o matamos.
Mas o amor, tem várias classes.
Apenas o intitulamos como o mesmo sentimento,
com o pensamento no objecto amado…Quando o amor ultrapassa o desejo pecado,
sentimos o valor do objecto que ganha vida.
Que tem uma vida! Cuja unificação causa ferida.
Pela razão do coração a intuição é movida.
Da consciência a despedida.
A loucura é bem vinda.
Sensualidade mental, verdade espiritual, o amor se torna tudo.
O ouvido da razão fica surdo.
As almas unem-se, tornam-se pirilampos de noites sem luas.
Nos campos sem sombras. Palavras são fadas, almas iluminadas pela perfeição.
Sonho que desperta na ilusão da vela que ardeu.
Mas que a esperança não cesse.
Porque a vela que ilumina também aquece.

O mal é temporal
O bem é eterno
O que sinto é solidão
O exterior é inferno
O rancor se torna terno
No amor sem governo

Flor, arde, antes que desvaneças
Flor não fujas, ardes em mim até que cessas!
Não me faças perder-me em ti!
És a flor errada que eu colhi!
Não me possuas, não me venças,
Não me diluas, em falsas crenças!
Esperanças!
Danças em noites sem lua!
Noites vazias, só eu, à tua procura!
Noites sem sombras, nem palavras!
Noites das quais não há almas escravas…
Não me prendas, não me prendas!
Não invoques lendas alegóricas!
Não me toques, não me iludas em falsas realidades categóricas!
Não me foques, não me entranhes.
Não me ganhes, não te quero!
Arde antes que desapareças
Porque se desapareceres, deixas lembranças!
Arde, tu, e o sentimento maldito!!
Arde, tu, não me afogues aflito,
Em magoas de chuvas vindas de nuvens em que estou.
Não quero subir nelas, para depois cair como a chuva no chão!
Que volta a evaporar e a cair em locais distantes…
Por favor, amor, volta a ser como eras antes!
Não sou cíclico, o passado não se repete,
No presente que se reflecte.
No futuro que não promete,
Apenas lança esperança, como chuva no mar!
Apenas lança confiança, como mágoa no ar!
Apenas lança a lança no coração que não se alcança!!!
Balança sem equilíbrio tudo pesa para o vazio,
Tudo reza para que se faça calor do que frio!
Há erros que se cometem,
Há erros que não prometem,
Mas não há erros que marcam!!
Há amores que empatam!
A nossa mente no caminho,
Quando pensas que há 2 jogadores, e estás a jogar sozinho…

O mal é temporal
O bem é eterno
O que sinto é solidão
O exterior é inferno
O rancor se torna terno
No amor sem governo

terça-feira, 1 de abril de 2003

Alem

As minhas mãos tremem
Tremem as mãos mas ideias conseguem
Pôr cabeças a voar pelo ar que ofereço
Despedem-se do corpo como o sol do dia
Mas estão certas do regresso
Porque não há separação entre realidade e fantasia

Não preciso que me digam, que curtem o que faço,o que digo quando traço, a rima com que
desfaço, a poesia num só pedaço. Ponho as cabeças a voar pelo ar que ofereço.

Sem tema nem lema,
apenas o dilema que é a solidão.
Momentos em que vou bem, noutros não.

Um gesto, uma expressão,
uma certeza, uma sensação,
uma esperança, uma ilusão.

A confiança nunca causa destruição.
A ambição é o veneno do coração, é o pecado.
No certo e no errado, na balança da confiança,
os pesos são sentimentos, ilesos só os momentos já vividos,
nunca esquecidos, pois são a base do nosso presente,
imbuídos no nosso inconsciente.

Além da realidade, atingimos outros cimos.
Além do que captamos, vamos ao que sentimos.
Além da poesia, além do poeta, o sentimento que inspira,
o momento expira, e a mente delira, até que a verdade se adquira.

Pessoas que nos rodeiam,
ódios que nos odeiam,
medos que nos receiam,
amigos que nos falseiam.

Concretizo o abstracto,
abstraio-me do concreto,
o intelecto é um filho bastardo,
o afecto é um fardo que carregamos,
pelos caminhos da vida,
as pessoas a quem os entregamos
são um penso para a ferida do tempo,
são um incêndio ao vento,
transformam-se no espelho que enfrento,
são o tudo no nada,
são os raids da estrada,
são as fadas das noites sem luas,
onde as palavras, são tudo, pois não há sombras…
Além do mundo das aparências,
no fundo de todas as consciências,
está um deus mortal,
estão os céus da moral,
mas não as conseguimos ver,
por causa das nuvens do real.

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