domingo, 31 de dezembro de 2006

Tempo, só é preciso tempo, para cometer a
Traição acesa com um sopro de
Paixão, basta um
Momento que apaga a
Memória, deixando um rasto inalterável de
Rancor, por perder toda a
Glória, que se via tão pura no
Amor.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Interno este desejo tão legítimo
Dos abraços em teus braços
Teus olhos ondeiam no meu íntimo
As verdades são o sussurro último
No derrube aos últimos passos.

Perto do fim, perto do fim
Ouvem-se vozes mal ouvidas
Sentem-se ferozes em mim
As tuas mãos arrefecidas

domingo, 24 de dezembro de 2006

Quero o estalar
Da madeira
E o paladar
De cada estrela
Inteira.

Quero esse manto
Negro que nos cobre
Num ondear triste e pobre;
Por enquanto!

O sol nasce,
E a lua faz-se
Cinza…
Porque não esperaste
Por entre a brisa?

domingo, 17 de dezembro de 2006

...todas as festas futuras!

As portas fecham-se e as janelas deixam-se smiabertas para entrar o ar e não corrermos o risco de sufocar dentro por falta do que é fora.


Brilho humano
Clara Certeza
Carne inteira percorrida pelo sangue

A tua voz era minha!

Quero de volta o meu olhar
Ou então tragam até mim a prova de que algo espera pelo vento trazido pela janela aberta.

***

Onde estou onde me encontro?
Quando me perderei onde não sou
Nem eu, nem nenhum outro,
Um eu melhor que alguém pensou?

Ainda acredito no que não vejo
Mas pouco tempo já me resta,
Já nascido lacrimejo
Ao ver que nascer não basta.

***

Ninguém pensa como eu,
Nem mesmo eu assim penso.
Mas encontro força e senso
Para saber que nasceu
No seio de mim algo mais
Que aquilo que se perdeu
Pelos ventos irreais.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Défoncé

Posso prometer tudo de mim. Menos eu mesmo. E ainda menos as noites que em mim correm. E a lua nos teus olhos a mim próprio não volto a prometer, porque sei que o calor é um vício que se nos apega à pele, e eu não quero ser um junkie de ti, a gemer pelos cantos esperando a injecção do teu olhar toldando o meu, aturdindo a minha razão, depois desse flash perpétuo que me proporcionas.
Défoncé, caminho sozinho, procurando algo que se torne tu nas minhas mão molhadas pelo suor que se subleva na minha pele. Saem gritos que se estilhaçam no ar, procurando atingir ouvidos que decriptem a poção para a paixão violenta que se barricou em mim. Exagero dizem. Talvez. Isto são mentiras de pequenos segundos que me passam frente aos olhos quando tu não estás e eu insisto em te ver. Isto são palavras que eu digo a mim mesmo para me convencer que algo vale de facto a pena. Isto sou eu, sombra falsa de uma realidade necessária.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Ontem

Vejo-te. Ignoro. Significado? Nenhum.

À tua espera, no mesmo café de sempre, na mesma mesa encostada à parede, naqueles bancos nada confortáveis, confortávelmente impaciente aguardo enquando fumo um cigarro pacientemente. Peço uma cerveja e bebo-a não menos pacientemente. Acendo mais um cigarro e lá apareces. Trazes um brilho nos olhos que não engana ninguém, ris-te e eu dou-te um beijo qualquer. Depois vem mais gente que fala connosco e até fica por ali, naquela mesa, a falar de coisas totalmente insignificantes porque o que importa ali somos nós. Eu estou feliz e sei que embora não saiba o que se vais passar a seguir, não pode ser mau.
E isso é metade da felicidade que trazia. Contudo sei que não sabia metade e que sentia o dobro, sim, ou mais, sentia tanto e pensava tão menos.
Continuamos a beber, algumas coisas vão rodando, nós sabemonos seguros, sempre no mesmo sítio, sempre no mesmo mundo, nada sabia mudar, nada acabava, tudo se prolongava ecoando pelos nossos olhares. Não havia fim para aquilo que éramos. Inocentes e às vezes ignorantes, mas isso era tão bom, sabiamos que os limites não existiam e nós nem punhamos isso em questão! Hoje sabemos que o limite começa logo na questão que pomos nas coisas. Não vou discutir isso sequer, porque sei que não volta e recordar vai sendo necessário e bom, apesar de toda a imagem vir desfocada e com a côr desbatida. Não importa porque está cá dentro. Isso sim tem valor.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Nem mesmo a esperança

Lembro-me de como te olhava. De como costumava passar os dias esperando o encontro do meu olhar com o teu. Quem és tu afinal? Tanto tempo passou e, eu que sempre julguei ter a resposta, respiro no ar a incerteza de tudo - até da mim - e a vontade de conseguir voltar a, pelo menos, esperar o encontro do nosso olhar. Caiu tudo o que éramos. Já nem o prazer de te olhar tenho, nem mesmo a esperança... Nem mesmo a esperança.
Será que poderia dizer que te amei? Penso que não, nada fiz para o merecer, eu sei. E agora tenho pena não ter tentado amar-te, porque isso seria pelo menos qualquer coisa. ("Não vês como é bom dizer eu tentei?") Eu não vejo, estou cego, estou cego e dói-me de uma forma intensa com um sabor de saudade que ficou por nascer, que ficou por ser feita, uma saudade que simplesmente nunca teve lugar além do meu sentir. Sentir é fácilmente difícil. Acredito que tudo passe por um processo enorme antes de acontecer, e o melhor é que nem nós nos apercebemos quando acontece, a vontade depois o desejo, a dor depois o sofrimento, o calor depois o suor, a sensação depois a percepção, o prazer depois o orgasmo - tudo isso faz parte de nós. E eu sou só um triste com pensamentos desconexos que já nem lógicamente as frases articula.
Para dizer a verdade ainda penso que te espero. Ainda penso em ti. Acredito no Destino e é por nele acreditar que sei que só há uma forma de sabê-lo: vivendo.
Por isso eu passo os dias na mesma triste alegria de viver, acreditando que cada respirar é motivo suficiente de orgulho próprio e que cada pessoa é algo bom e única por si mesma. Mas também neste humanismo transcendente sei com o tacto que estas duas mãos me dão que o homem é um ser de nojo e de pecado e que o nosso rosto tem duas faces tão distintas que só quem conhece a luz que o ilumina pode, passivamente, aceitar e compreender. Sou humano também, terrivelmente humano. Ás vezes sou deus. Mas nenhuma destas condições me proporcionam tudo o que é em ti Mulher.

Sou vago
Sou disperso e errado
Desconcertantemente ilógico
Sou, na verdade, real.
Desço escadas para sair do que é mais alto
E encontro no fundo a vertigem de existir.

Ah, existir, esse prazer de sol e chuva e ar!
Essa clara cegueira de luz e intensa palpação!
O arrepio das horas e dos espaços vazios, tão
Preenchidos quão vazios, de querer e desejar,
Olhares perfeitos para a imperfeição
De sermos tão reais e verdadeiros em vasta certeza.
Ritmos insatisfeitos no passeio que damos em nós mesmos
E na volta que damos para preencher o único circulo perfeito
O cíclico regressar ao estar de partida.

Baixo os olhos para a fraca luz que compõe o quarto
Olho as minhas mãos e todas as possibilidades que ela proporciona
Todo o infinito toque que é em si
Toda a paixão de perseguir no passo apressado
A vida que corre de nós na lentidão de lágrimas
Todo o gesto perdido no espaço errado!

Uma voz que era de ontem
Deixar-me esvaziar no eco irrepetido
Da repetição constante de tudo o que era inválido.

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