sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Eu sei, este silêncio podia muito bem ser noite e gargalhadas, esta saliva amarga podia ser álcool do teu copo, estas cinzas no cinzeiro opaco de cristal podiam ser fumo azul brilhante em movimento hipnotizando-nos. Rimonos porque nascemos e choramos cada vez que algo morre: pode até não morrer alguém ou algo, podemos até nem chorar, mas algo nos deixa algo de tristeza no olhar, ou parecido, como o vazio do fim da festa que acabou sem nos apercebermos. Tão bom saber que existe todo um conjunto de signos e ícones que nos une através dos séculos e dos segundos à lua, à sua luz... à sua noite, negrura vasta estendida pelos céus. Que deus maior que este? Omnipresente, omnipotente, insistente ao fim de cada dia. A noite encobre os nossos pecados, mesmo inocentes, sentimo-nos perdoados, somos levados pela mão a finalmente Ser. A existir! Que dia pode definir tão bem como a noite as nossas vontades, os nossos desejos, os nossos sorrisos, os nossos crimes? Que poder posso eu ter perante o brilho do sol que tudo expõe? Que felicidade posso eu tirar dessa harmonia e dessa luz, dessa perfeita demonstração de natureza que eu não sinto? Sei que é na decadência, na acção depois do fim, cortinas fechadas a essa representação diurna em que o homem finge e disfarça a sua forma, que posso sentir que o ser humano é algo mais que humano, que as pessoas são mais que pessoas, que somos deuses e que sabemos a vida de olhos fechados, porque passado as horas do sono, mantendo-nos acordados, redescobrimos a essência de viver depois do fim.

2 Comentários:

Anónimo disse...

Que felicidade podes tirar dessa noite? momentanea? sentes um vazio pk tudo à tua volta é momento do inicio ao fim...

Olavo Pinto disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

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