segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Esse Agora

Nunca me converto ao que sou.
Vou sempre sucumbindo à tentação
De ser no tempo que passou,
Volvendo levemente com a mão
As páginas da memória, dou
À presença das horas a razão
De se ausentarem quando estou
Entregue à minha eterna submissão.

Vejo o suficiente para saber
Que a gente tecida desta teia,
Sobra do tempo, que sem querer,
Mistura na mesma estreita veia
A ternura e amargura de viver,
E passeia sem dar conta que vagueia,
Pela estrada que tende a anoitecer
A cada pegada apagada na areia.

Nunca serei presente!
Ó passado sublinhado,
Estarei presente, talvez, uma ou outra hora
Entre mim e o que for eu de passado,
Mas nunca, nunca saberei realmente
Distinguir nessa demora
Esse agora pelo tempo compassado.

Seja o primeiro a comentar

prática sonho teoria © 2008 Template by Dicas Blogger.

TOPO