sábado, 1 de março de 2003

Solidao

Solidão:
És o filtro para os resíduos;
És o peso de factos ambíguos;
És o remédio do tédio humano;
És o ermo no céu urbano;
És a chuva que alivia as nuvens quando eu me encontro nelas;
És as velas da alma que iluminam belezas belas,
Como a vida, pintada na tela… da solidão!

Solidão quem és tu? Que me acompanhas…
Amiga de verdade e na saudade me ganhas;
A vida é tão bonita na harmonia da tua companhia,
A cada dia me convences, da porcaria que tu vences,
Cada um é uma ilha rodeada de subjectividades latentes.
Solidão, tu és a filha de verdades tão distantes;
A vida molda-nos, para ser-mos nós a moldá-la.
A alma vive sempre e no nosso interior fala,
Uma língua imperceptível, qual será o conteúdo?
A solidão é o tradutor, do valor que está mudo;
Pela via do meio vou vivendo e vou morrendo,
As pessoas receio, recuando e avançando
Viajando… a terra vejo-a da lua,
Onde todo o rio, no meu mar desagua.

Acredito em ti, e tu em mim,
Cada momento juntos, não tem fim.
Todos os sentimentos se tornam puros objectos
Que eu moldo e relaciono aos afectos,
Queimas-me com a razão,
Afogas-me na solução,
E apenas apareces quando os outros não estão,
Numa fracção de segundos, páras os 2 mundos…
O tempo muda de forma, e se transforma num holograma,
Onde a fama social, não me trama o real, porque eu sou igual, diferente, como quiseres… quando
quiseres, o importante é se não feres!

Sozinho absorve-te na solidão,
Pelo caminho da subversão;
Ao que sentes quando tocas,
Ao que sentes nas mentes que focas,
Ao que vês quando acordas,
Ao que pensas quando adormeces,
Mas quando se partem as cordas,
E não tas habituado à solidão, logo padeces
Do remédio que a mente aprova,
O tédio passa, quando o real escava a cova
Para te enterrar vivo, mas inconsciente,
E tu te enterras na amizade carente
O presente eloquente já não te fascina
E tu te afogas nas tuas lágrimas, chacina
Da tua sina, estás condenado
A viver no pecado e no errado,
Se estás desapontado com os outros
Então acorda para razão
E procura se és tu ou são os outros que tão loucos,
Acorda pró sonho que é a solidão,
Porque os consolos reais, são poucos.

A infidelidade só se desculpa com a confiança;
A felicidade, não se atinge com esperança;
(Mas já não consegues ir além da esperança!
Avança!)
A verdade, não é coexistente;
A perfeição, não é coerente;
A convivência sem benevolência,
sem consciência nem coerência,
só trás violência entre o meu e o teu coração,
Por isso eu te tenho como amiga, Solidão:

És o filtro para os resíduos;
És o peso de factos ambíguos;
És o remédio do tédio humano;
És o ermo no céu urbano;
És a chuva que alivia as nuvens quando eu me encontro nelas;
És as velas da alma que iluminam belezas belas,
Como a vida, pintada na tela… da solidão!

Talento inato, o destino não vem no plasma.
Alento pacato, o retiro de um fantasma,
Sentado no propósito da vontade,
Ignorado pela realidade
No labirinto da verdade.
Influência não atrai
Na consciência em que se cai,
Só a demência me trai.
Fantasma influente, com afluente do desígnio de demente,
Talvez por viver da mente, plenamente pela mente para a mente
não se mente.
Delinquente não serve, dissidente não ferve a água poluída em que navego,
no escuro mas não cego, entrego o que me transmitem, obrigado!
Preso mas não culpado, no fado não interessado, presente é o pecado,
passado é o fardo, mas a vida é assim e eu já estou habituado.

A mente é o puzzle, a vida é o labirinto onde choveram as peças,
e pelas suas paredes pinto sonhos, não os meças.
Se te pedem que esqueças: Não obedeças.
Nunca esqueces, apenas adias e então os dias pesam na consciência,
paredes vazias levam-te à demência,
só te resta olhar o céu, sonhar, sem juiz não há réu
e pintar para que o que é meu, também seja teu.
E vice-versa, o que interessa é viver para quem está à minha frente
não nas costas, mas não respiro, sufoco demente, que me importa se não gostas?
Mais do que pensas, quero ficar bem contigo, mas se não estou bem comigo,
estou mal com o meu melhor amigo, a dependência é um perigo.
As ruas do inimigo, irrigo de amizade, a finalidade? É a verdade que procuro,
é na tua mão que me curo, é no teu sorriso que me seguro…
mas também, isto não é um precipício, é apenas um muro sem porta,
no inicio, aquele que é puro não se conforta com as toxinas que mandam à cara,
quando a feridada fragilidade apenas sara no bem-estar com o oponente…
cabou a paciência, a defesa é o ataque, da minha mente.

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