segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A Rua VII

O que fizeste para não seres vista
Quanto pagaste ao tempo para ele te ter
Deixado passar entre as horas
E visitar a perfeita corrente que liga
A sequência do que acontece
Para além dos olhares indiscretos
Que espreitam entre as brechas
Das nuvens
O que deste em troca desta arte
Vida repetida a cada toque que forma
Um arrasto no ar como uma caneta de luz
A pintar na transparência do teu olhar
A vitória do inconsequente
Como tornaste o teu mundo mais mágico
Que o meu que recriei de cinzas e passados
Mais que a vontade e o desejo soubeste
Impor como rainha do universo na tua mão
A direcção dos astros de cada ponto
Que se vêem com o cerrar de olhos
Com os quais tu dimensionas o que existe
Como passaste a barreira do pensável
Com essa calma de quem diz eu não sei nada
E absorves cada pedaço do que passa a teu lado
Constróis a razão do que se mexe e depois pensas
Com esse teu ar pensativo e abstraído
No tempo que demora a se formar
Cada criatura em união neste presente
Em que tu criatura única e irrepetível
Fazes de tua o que te rodeia um mero quadro
Que sem ti era a inpronuncíavel negação
Da existência

Não há nada que eu possa querer dizer
Quando tu mesma não sabes o que dizer
Sobre esta vida que se espalha a teus pés
E eu não encontro mais razões
Que o que o meu olhar me tem para dar

Não digas nem uma frase ao meu ouvido
Só a tua presença é o destruir imediato
Do meu sentido
A tua procura
É o perfeito equilíbrio da minha satisfação
Pois eu não quero ter de reconstruir o mundo
Depois da tua passagem

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