domingo, 9 de dezembro de 2007

A Estrada V

Procuro-te com o olhar
Depois da luz que ousa entrar pela porta
E num passo indesejado há luar
Que espreita pela janela
Que devia estar fechada

Dá-me o teu ritmo
A tua dança
A tua voz e a tua criança
O rasto do puro e íntimo
Que se desvanece na crença
De que o mundo é o fim último
E que a vida morre antes da esperança

Onde encontraremos a verdade
Que não procuramos sem ser com a vontade
Porque desejamos a ausência e o mistério
E naufragamos a cada pedaço do império
Que construímos no círculo que nos rodeia
E no círculo que somos e que deixa morrer
Pedaço triste pedaço de sabor que deixa arder
Cinza perpétua e unitária dos olhos de Pompeia

Assim te vejo caminhar atravessando aquela porta
Como se de uma parede se tratasse
E o teu reflexo vem de todo o lado e há transtorno
No teu olhar que reencontra o que não sentiu perder
E eu permaneço imóvel e indiferente à escuridão
Que se reúne como um grupo de amigos em meu redor
Calados e de olhos fechados para o céu
Como quem espera a oferenda açucarada
Da convivência elogiosa da recompensa

Eu ainda te sonho
Eu ainda te peço Entra por aí adentro
Por dentro
Deixa o que se passa iluminar o teu passo
No meu espaço
Ao mesmo espaço do compasso
Que rege o teu laço
E eu ainda te agradeço
Todo o volume intacto
De permanência no abstracto
Relacionamento de aguardar com impaciência
O relatar moroso e informal da tua tendência
Para seres fumo em mim
Para te tornares o rumo e o fim
Que se espalha como ar na janela aberta
E que só o vento soube amar na descoberta
De todas as suas virtudes

Agarra o meu braço
Eu espero porque sei o que se espera
E sei que o esperar é uma melodia
Que pode findar a qualquer toque que erre
A nossa concentração emocional

Sei perfeitamente qual é a tua morada
Estás presa entre as vidas e os futuros
Estás arrebatada pela sorte a outros fundos
Perdeste o sentido que te davas a ti e que não tinhas
Essa corajosa exuberância impotente
Ainda te chama ela entre as poeiras do caminho
Como uma rosa que olhas e não colhes
Ou foi definitivo este eclipse como uma morte
Que vem definitiva se mostrar inconclusiva

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