sexta-feira, 13 de abril de 2007

Dever relativizado

No amor existe acima de tudo guerra. É o antagonismo próprio dos corpos e das coisas. Não queiramos contrariar o que é.
As confusões que nos possam assolar o espírito (que apesar de tudo não é o adjectivo que descreva alguém que padece de confusão, embora que para ela lhe pareça de facto assolador) são matéria adepta da guerra e do amor que vive em tudo.
Acima de tudo isso existe um desejo de perfeição, a idealização característica indispensável à sobrevivência da alma. Quem não deseja mais que o que tem acaba por se sentir vazio.
A ambição que corrompe e não olha a meios para atingir os fins, mais preocupante que a mera incongruência moral, quebra por vezes a linearidade e objectividade espácio-temporal dos objectivos - e é altamente prejudicial.
A ambição não deve contradizer as possibilidades que o mundo real me vai apresentando, em consonância com aquilo que eu sou e aquilo em que me torno, a cada segundo, com a conexão com o anterior e com as reais opções que fazemos para nós... Não nos devemos basear em possibilidades abstractas que possam conflituar com as possibilidades reais segundo a lei da matéria. Para algo poder morrer tem de primeiro nascer, a nascer temos de acreditar que morre.
Vencer um medo não é nunca ter tido esse medo. Temer pela primeira vez é diferente de temer de novo. Apesar da atractiva cíclicidade dos estados de espírito e da (pré)destinação a que o Homem muitas vezes se agarra, a linearidade dos nossos passos caracteriza o novo Homem que luta contra as realidades aparentemente estáticas e seguras, o conforto das certezas, quer nas ideias quer na matéria.
No homem como na humanidade a luta constante entre a paz e a guerra, o amor e paixão, deve ser tomada como indispensável e salutar ao progresso que nos é facultado pela consciência – racionalização das reacções (expressões) do instinto à percepção – alteração contínua da experiência de existir socialmente, relativização do que é apresentado como certo, repartição do que é total à vista e constituído à visão microscópica da razão – da mesma forma que eu e tu somos o mesmo sendo diferentes, assim o e uma acção, uma ideia, um facto...

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