sexta-feira, 24 de março de 2006

Portas Que Abrem Chaves IV


Eu queria
O dia
E a noite num só rosto.

Uma viagem
Pela paisagem
Do oposto.

Acorda-me agora
Mas acorda e devora
O outro lado do espelho
Indisposto.

Vaga a recordação
Lá o projecto,
Em vão
Lágrima afecto.

Avisa-me do preço,
Declara a tua nua fragilidade
Cara de lua e impiedade
Cara metade de metade do regresso.

Acordo,
Levanto
E volto a deitar.
Absorvo o ar
No sorver do pranto,
Ardo.
Água que arde
Na ardente liquidez
Da chuva da tarde
Em que toldo do fim de uma tua rua nos fez.

Olhas e olhas e não vês.
Não queres ver.
Nem teus olhos merecem
Palpar o meu sofrimento na cruz
Do meu cruzamento de sofrer
Com meu futuro que os deuses esquecem.

Eu voltava
Se pudesse
Ao princípio do mundo
Eu chorava
Se houvesse
Algo de algo no fundo.

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