sábado, 20 de dezembro de 2008

Não mais

Leva a máquina fotográfica para tirar fotografias
Mas para que queres tu tirar fotografias?
Para te remoeres insípido contra o tempo
Ajudando novo tempo a ser passado contra ele mesmo
Como um espelho em que já não te reflectes
Num passado que (como tudo) deixaste escapar?

Já a tua mãe dizia que não sabias guardar nada,
Nem um segredo. Talvez saibas guardar um segredo,
Porque os segredos nem são coisa nenhuma.
Não te sabes é guardar a ti, perdes-te com facilidade
Empurrado por memórias de um vapor que tu turva
Enquanto ferves o teu sangue onde cozinhas
A tua própria insatisfação com o que vês

Nunca gostas do que vês pois não?
Gostas sim do que imaginas.
Ah, nem do que imagino eu gosto.
Não vale a pena perderes tempo comigo.

Perdi-me.
Deixei de existir.
Pega num papel e escreve.
Não escreverei mais,
A inquietação do porvir
Nada mais me deve!
E os gritos imortais,
De punção sublime,
Presunção de crime!
Apanágios banais!
Inspiração leve.
E o espírito a rir,
Não mais!

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