domingo, 11 de fevereiro de 2007

Que me importa o teu nome
Se quando eu te chamo
Só na perpétua imagem da minha mente te vejo
E nem sempre és igual
Nem sempre és a mesma
Nem sempre és sempre
Ás vezes és tão outra.

Que me importa o significado
Toda a linha que comporta todo o fixo movimento da voz
A estrada que encaminha para a percepção
Do sentido
Se tu
E só tu
Me bastas
Sendo Tu.

De que serve todo e qualquer gesto
Qualquer palavra
Qualquer expressão
Quando o meu gesto é estender-me no chão
Quando a minha palavra é um grito críptico
Quando a minha expressão é a flácida face babada na carpete
Não
Não procuro olhar para dentro de mais nada
Não quero ficar preso a mais nada
Não quero saber, não quero conhecer
Não quero perceber tudo o que todos inventam para ser percebido
Não quero fazer parte de algo que não é mais que a ilusão
O jogo de Deuses que morrem
A criação de pequenas inexistências
Isto é, Civilização.

E gosto dela
Da CI-VI-LI-ZA-ÇÃO
Porque gosto de dizer CI-VI-LI…
É giro sem ser giro porque giro não é giro
Quero dizer CI-VI-LI-ZA-ÇÃO em cinco pulos
E chegar ao chão e sorrir com os lábios
E com a boca
E com sons que saem dela.

Só porque alguém resolve dizer que estar contente
É sorrir
Só por alguém dizer que alguém tem um aspecto alegre
E outros têm um aspecto triste
Que sabem eles sobre mim?
Que sabem eles do que eu penso?
Quem lhes diz a eles que eu penso?

Quero fechar-me aqui neste quarto
Que nem sequer é um quarto
E ficar a escrever coisas
Ah…
Escrever coisas é bom
Porque enquanto escrevo
Não vos estou a aturar
A dizer que este é maluco
Aquele é parvo
E o outro é doido
E que este inventou e fez e chegou primeiro que o outro a seguir
E que os Ingleses são frios
E os Brasileiros são bem dispostos
Quem inventou o volt ou o telefone ou a bússola
E quem é que descobriu a penicilina
Ou que isto é Bahaus
E isto é Art Deco
Ou que o amarelo está deemodé
Ou que o preto esta sempre em voga
E que isto é Rock mas que ás vezes é quase Funk
Ou que é Punk mas é “Comercial” ou se é Pimba ou Música Popular
Que me importa isso? Que me importa que me importe?
Não me importa nada
Porque eu estou além da vez que passou.

Tristes passos dados no caminho
Alegres as vozes que nos fazem chorar
Na vez de estar aqui a receber a herança dos antepassados
Mortos
Passados
Enterrados

Quem viu a grande explosão de tudo isto?

Aqui de soslaio para a caixa mágica, explodem mil milhões de parvoíces na alta tecnologia, ao serviço da nova arte comercial. Publicidade, obras mainstream da classe social dominante. Serviço para nos criar de novo. E o que é imprevisível? Qual será o homem de hoje que será amanha exaltado? Há sempre um rosto por mais que nos tentem confundir com esta liberdade. Privaram-nos da liderança. Privaram-nos do ideal, do fanatismo… de acreditar! Espalhados à nossa voltam estão quadros em branco, vazios, sem qualquer conteúdo. Querem-nos vender, comprando-nos.
Era tão bonita a palavra união. Afirmação. O grito exaltado da revolta por alguma coisa. Hoje são cacos espalhados no escuro do ar que respiramos. Ínfimos pedaços que nos esquartejam o interior. Prendam a liberdade que anda à solta. Caso contrário, eu vou-me sentar aqui, e tentarei não pensar em nada.

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