quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Hoje sinto-me mais feliz que ontem,
Sinto-me mais preso a mim...
Para quê fingir? Se estou tão desgraçadamente perdido em me encontrar na firmeza rude de qualquer rocha.
A rocha não sente.
A rocha não pensa.
A rocha não é.
E é feliz em qualquer circunstância,
Atravessa tempos, é lugar, é símbolo.
Quantas existências se sentam nela?
E ela, sem ouvir, ou ver, sabe todos os romances.

Ah! Mas o meu coração não é rocha,
Nem o meu pensamento, por mais que tente.
Queria eu cimentá-lo!
Mas sem poder, sou corpo rastejante e pensante, e sinto tudo isso na rocha que sonho.
Rocha do atravessar os tempos,
Rocha de ficar, imóvel, e passar
Como o rio e o vento, e tudo passa.
Sentir os meus pedaços que foram a desfazer-se em areia e pedras,
Pela força do mar que sinto fazer moças na minha ponta mais aguda.

Abram os deuses lugar para mim entre as rochas,
Quero-me areia agora!
Desfazer-me em partes de várias rochas,
De vários romances,
Subir a rocha que pisas, e olhas e escalas ou admiras,
Mas ser ela,
Sem ser nada de nada além o ser um pedaço firme que não finge sequer mexer-se,
A não ser quando o vento ou o mar decidirem abalar ou desfazer a rocha que eu sou.

1 Comentário:

Anónimo disse...

Lembra-me Álvaro de Campos no sentimento...Liso, leve e no entanto apenas nada. Gostei - isto é apenas a opinião de um leigo.

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