quarta-feira, 1 de novembro de 2006

imaginar é começar a amar POR a primeira gota de água da última chuva

Vale tanto a pena viver quando cabemos dentro da acção de viver. Vale tanto a pena olhar quando os olhos conseguem ver só o que vêem. Algo caiu de mim no momento em que essa aproximação tua ao que eu considero ser o melhor de mim me multiplicou a cada toque teu. Tenho agora os pés humidamente flamejantes, as luzes do metro passam pelo meu olhar que flutua por cima de quem me olha do banco da frente, e indiferentemente faço parte de toda aquela gente que caminha assim, no mesmo pó e até na mesma direcção, mas no entanto debaixo de um outro céu. Eu não! eu voo a cada passo teu na minha mente, a cada sibilante emitida pela tua boca ao meu ouvido, a cada gesto desenhado e eterno. Amor, o filho real da imaginação, o pleonasmo espelhado ao infinito, a inconsciência mais moralizada que qualquer sistema de normas racionais, a lógica mais ilógica por ter o sabor da incerteza constante da circunstância e do destino oculto e decidido.

O momento em que a primeiro gota de água da última chuva da nossa distância caiu, assim, nesse lugar indeciso, nesse lugar não marcado, acontece toda a magia de não ter acontecido nada, nesse beijo de tantas formas, nesse beijo de mil sabores, nesse beijo perfeito de não existir; mas certo! ah! sim tão certo e esperto porque espera e sabe que vem e que saberá bem, que vem sem adiar, que vem sem esperar, preciso sem contar cada segundo que passa sem passar, porque eu fico e acabo por sair de mim, mas volto num instante porque sei a hora e quero estar presente! Sim, nesse agora, sem demora, esse já que está por vir, esse presente sentir do que será este rir:

esquecimento inesquecível de esquecer.
momento imprescindível ao crescer.
sentimento imperceptível do ser.
movimento invisível ao ver.
pensamento indivisível do querer.


Dá-me as tuas mãos, toma um piano, toca para mim uma melodia qualquer, desde que seja tua e tu a queiras mais que a imobilidade deste meu olhar fixo em ti.

1 Comentário:

Anónimo disse...

Sem dúvida o mais bonito que li até agora. E é tão bom, e faz tão bem, encontrar serenidade assim, lendo...
sara

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