segunda-feira, 11 de setembro de 2006

O dia em que me esqueci de te escrever


Porque hoje esqueci-me de te escrever, de te pensar. Dia este em que desisti de procurar na tua pessoa sentido maior que o seres pessoa, sonho maior que suspiro, sombra maior que forma e desta forma encontrar mais um pouco de mim por um pouco que seja. Tudo o que possamos dizer a nós mesmos sobre a eternidade e o infinito é mentira... a eternidade é o que guardas, o infinito é guardares sempre.
Adoro o teu olhar, ah! como adoro o teu olhar. Mas não, nunca, nunca por palavras conseguiria fazer ver essa magnanimidade, porque se conseguisse não precisaria de olhar para ti e te ver como fenómeno inteiro e real, completamente real e palpável.
Estou pasmado e imóvel perante a vida que começa a cada ponto, movendo ponto a ponto com a força toda do passado, isto, consciente de si e de cada seu passo e pégada. Porque hoje eu esqueci-me de te descrever, ao som murmuro do vento, à voz ausente do momento, que por ser momento é um eco de um som que não ouvimos muito bem... Coisas que ficam na sombra de trás da luz, que se perdem numa voz que as seduz, para serem mais que sombras ou formas... mais que palavras sao cordas que prendem... e prendendo não soltam.
Porque hoje esqueci-me de escrever e te traçar pelas linhas comuns do papel. Porque hoje por um motivo qualquer deixei a caneta perdida na sarjeta ou no passeio ou na estrada, e todos os que por ela passam a ignoram e ela com a verdade de todos eles em tinta unida. Hoje esqueci-me de te escrever pela falta de papel, ou pela dor de cabeça insuportável que não cheguei a ter. Hoje esqueci-me de ti e de escrever não me esqueci, porque estás aqui no que escrevo, sem estares porque me atrevo a dizer que me esqueci de te escrever... Mas não me esqueci de ti porque tu és passado e um dia foste futuro.

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