terça-feira, 26 de setembro de 2006

Sensibilidade como Poder

Porque é preciso parar, por um bocado, de vez em quando, com esta coisa da poesia, estais todos a ficar com uma ideia muito errada de mim! E isso não é grave nem mau, mas de qualquer maneira, e para salvaguardar a sociedade de fazer generalizações estupidamente dignas e verdadeiramente legítimas (sim, porque eu tenho o direito de não gostar de deputados, até posso odiá-los, e isso é bonito, principalmente havendo no universo a hipótese de eu me apaixonar por uma) sobre os poetas sendo eu um. O que é um poeta? Alguém que escreve poemas. Porquê? Porque é sensível. Vamos lá pôr a ideia de sensibilidade em ordem, a sensibilidade não é fraqueza e subjectividade. É poder (e bem objectivo)! Um poder de viver, ver e sentir coisas que não estão , que não existem enquanto factualidade certa e palpável ou lógica, isto é: são imaginação. Fernando Pessoa já fez esse trabalho de explicar o fingimento poético. A sensibilidade poética é objectiva, a partir do momento em que se designa de sensibilidade, porque é um verso, é um poema. E um poema tem, na sua subjectividade, a maior objectividade de todas, porque consegue transmitir aquilo que não é nem nunca foi, ou que está disfarçado de subjectividade, mostrando o que foi por algo impossível ou excessivamente genérico (como por exemplo por uma metáfora). Mas toda essa subjectividade têmo-la nós na nossa mente, quando queremos explicar o inexplicável, sendo o tipo de mecanismo que o poeta usa e transforma no trabalho árduo de objectivar, de focar com uma lente qualquer (as musas, os deuses, o superior, o amor, o que-tu-quiseres-que-seja...), aquilo que é subjectivo e insensível, establecendo assim a sensibilidade como poder.

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