sexta-feira, 16 de junho de 2006

Constatação

Se não posso ter lugar nessa mesa,
Ao menos todo o espaço!
Cada pedaço da parede e desse chão
É meu! Enquanto a chama está acesa
Eu, eu medonho e triste passo,
Mas cheiro a felicidade e a paixão.

Amante das paredes nuas,
Das ruas amareladas, e amor
Tanto pela vida como pelas sombras…
Erro como um fantasma pelas ruas,
Pela beira da beira do interior
Do que sobra do resto das sobras.

Pelas sombras vividas
Pelas sombras escondidas
Por trás de almas apodrecidas
Quem nega a verdade?
Quem rega a infertilidade
No chão dos fados,
Quem se entrega à totalidade
De olhos fechados?

(Sonhos sonhados
Sonhos completamente sonhados
Vivamente sonhados

Não rezo a deuses
Não falo comigo mesmo
Não tenho um eu

Não procuro nem felicidade
Nem amor
Nem paz
Nem alcançar nada que imagines

Sou sem saber o que é ser
Sou sem ser
Porque sei acordar
Mas vejo-me a adormecer.)

Procuro-me sóbrio, útil e inteligente,
No culto íntimo, lavrado a vertical.
Encontro-me vago, indelével, entre a gente,
Nem me divido em bem e mal.

Nem o meu rosto reconheço,
Apavoro com a minha presença;
Por isso tudo tenho o que mereço:
O tudo, o nada, e a sentença

Respirávelmente lato,
Sinto, sim, sinto!
Vivo, não, minto:
Constato!

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