domingo, 4 de setembro de 2005



Detesto-te por seres tu a que nos cria
Por seres tu quem sem culpa
[Detestável olhar-reflexo-alma fria]
Nos faz sentir culpados

És toda a espécie de veredictos
Assombras os sonhos com suores frios
Ou calores arrepiantes
[Pesadelo que de acordado, não despertas, adormeces aos gritos]

Fazes querer dormir
Não de sono mas de repulsa
[Repulsa de ti, insónia flatulenta]
Sono de morte de te apagar

Deixar-te a fluir por essa estrada
E esquivar-nos do caminho
Para outro sítio qualquer

Amarga, por vezes quando visão, doce
Mas na visão nunca és consumida
Ao mastigar-te és sempre amarga
[Mesmo ao mastigar-te com os ouvidos, ou com os olhos, ou com as mãos, ou com o nariz]

Não és vista, nem tocada
Nem sentida [nem falada]
[Rainha despida que nos possui com o olhar]
És simplesmente tempo a escaldar

Detesto todas as tuas esperanças
Que não são tuas, são nossas
Dissolvendo o seu sabor quando as lambes
[Onde guardas o nosso prazer?]

És uma língua comprida
Que nos desnuda
Desproteje com crueza molhada
[A nossa natureza muda]

Detesto ter de te ter
Pois ser sem ti é não ser
Mas ao ser dão-nos oportunidade de ver

Detesto-te por me roubares do meu mundo
Detesto-te por inundares o meu mundo
[Imundo de ti, tu, princípio e fim]
Detesto-te por quereres ser por mim
Ver por mim
Por quase mandares em mim
[Despertar vespetino num sono de desejo]
Por seres tudo, menos o que eu vejo,
quero ver e sonho, [sonho mas afinal]
sobre uma espéscie de quase tu, mas melhor por ser eu total.

DETESTO-TE REALIDADE!

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