quinta-feira, 29 de setembro de 2005

as almas suam
como as palmas
das mãos
as mentes recuam
onde outras actuam
uns sim's outros nãos
quem se importa
quando a porta
se bate
quem reporta
mão morta
ao ataque
flip flap
não . consigo . ter
um . único . raciocínio
para . abster
o . de...clíneo
curvilíneo
do ser
quando a mesa está posta
mas a barriga indisposta
e as cadeiras dispostas
fora da mesa
sentes que o coração pesa
pisado
sentes a cérebro que reza
resignado
apagado sem memória
a história passada
da tua vida passada
de cada tua passada
em solo firme
lembras-te de sorrir-me
em frente ao sol
em prol
da paixão que sentia
do coração que batia
da ilusão que reflectia
com brilho e lesava a visão
no trilho que inspirava a acção
romance
tudo é um romance
todos somos romancistas
dentro ou fora do alcance
das nossas vistas
somos gnomos
ou gigantes
ou apenas lobos
errantes
com fome por acaso
pêlo pelo ocaso
que raso de entendimento
nos aguça o sentimento
e nos adoça cada momento
do brilhante sol
que motiva a lua
de cada gota mole
que perfura e não sua
cura…
é a busca?
essa luz que ofusca
não acompanha a mudança brusca
para a escuridão dos nossos sentimentos
vamos viver por momentos
e dizer que sempre fomos mortos
os nossos corpos e os nossos copos
cheios
como a lua cheia
freios da ceia
mas não da vontade de cear
nada a recear
quando estamos na imaginação
começa a acelerar
a derrapar
não funciona o travão
um trovão
acompanha a chuva
ácida
e a cara flácida
perfurada pelo ferro
do carro
embatido contra qualquer-coisa-que-imagines
e voltas aos real com sublimes
arrepios
ileso, mas com suores frios
e lágrimas já morto choras
e o sangue pensa-se fora
de ti
e tu morres de imaginação
coras
“morri porque menti
ao meu coração…”

Parem de mexer na minha cabeça, de redefinir os contornos, de me culparem do eterno retorno, apenas o universo traz consigo a esperança.

Sinal recebo 3 2 1 jogar lembras-te de jogar quando ainda jogavas a essas coisas que contigo toda a gente jogava e passavam-se horas e horas dias e meses e no final de contas foram anos tantos anos em que o entretenimento eras tu e só tu e nem uma fotografia de ti tenho afinal nem existias nem sequer estavas dentro de mim eras qualquer coisa que aparecia no ar e se inalava pelo nariz tudo tudo tudo quis ser para nao voltar a sê-lo e assim nem valeu a pena excepto claro se a alma não é pequena sempre pensei ser grande gigante e parece que sou mas também sou um anão preso aqui na terra como todos e tudo sem excepção temos sonhos e queremos sonhar e metades deles já nem nos lembramos já nem fazem parte de nada nem da nossa história nem da maneira como as pessoas se vão lembrar de nós nós que fomos tudo e já nada somos para voltar a ser o tudo de outro mundo qualquer vamos e voltamos sempre e esta viagem constante nesta redundância enjoa-me e vomito tudo se contorce em mim tudo fica baço tudo tudo deixa de fazer qualquer espécie de sentido excepto o estar existindo neste segundo os braços adormecem e eu mordo-me no escuro em pânico sem saber que o sangue volta porque o coração não pára e quando parar também será porque já não faz falta nenhuma sei que estou aqui para algo mas para que estou eu aqui se sinto que nao que deveria estar sempre a caminho de outro local de outro eu sempre a mudar em evolução mas volto sempre ao mesmo ponto estou num círculo em que todos estamos e só eu o reconheço só eu sei que já estivemos aqui e que é para aqui que vamos voltar só eu sei as palavras que são ditas só eu sei os gestos que são feitos só eu sinto na minha espinha o arrepio de cada movimento tão belo e então entro em êxtase na volúpia do arquétipo da engrenagem da vida humana ou se calhar mais que isso somos como somos e a vida são frases todas juntas sem sentido para o mundo mas quando as olhamos melhor elas têm toda a verdade que existe no mundo nao quero mas tudo se passa assim não posso lutar contra algo que é mais forte que eu porque esse algo mais forte que eu sou eu e não posso lutar contra mim princípio do fim como eu detesto que seja não não fui eu que escolhi tudo já chegou aqui neste estado não tenho culpa de nada o que vai girando nem do que os ventos vão semeando na terra sou um mero espectador ora entre o dentro e o fora hora a hora segundo a segundo bate algo no fundo de tudo obrigado talvez não seja suficiente pois não passa de uma palavra mas não tenho nem nunca tive nada mais que palavras excepto talvez o gesto de te abraçar e o esboço de um sorriso e uma ou outra vez em que realmente ouvi o que disseste fosse em surdina ou em gritos imperceptíveis eu amo e odeio crio e destruo e não altero nada pois tudo tudo tudo volta ao mesmo.

Podes morrer segundo a segundo na minha imaginação
Ressurgir do passado que afinal é presente
Queimam-se as letras de um papel e no final apenas é cinza a intuição

Espaço e letra fragmento sem título na página que arde
Pensar pensamento pensante presente que desaparece
Não ordem não desordem também não nada simplesmente

Nem sem nem sem nem sem nem sem nem com vazio
Vazio algo é nada é algo nada é vazio e vazio é nada
Nem sem nem sem nada sem nem sem nem inexiste

Pensa e fala nem diz nem cala
Problema ou solução é não
Sou e ser nada sou ser nem inverso nem disperso

voar e entrar pelas entranhas da noite estranha por ruas de pensamento tamanhas que te perdes tao so nas manhas de qualquer vicio que apanhas

não sei
o que hei-de dizer
o que hei-de fazer
o que hei-de...
beber
para manter
de pé
a fé
em qualquer
coisa
ou em coisa nenhuma
a vida é leve como uma
pluma
em suma
todos nós somos
pedaços e traços
de gnomos
em tamanho real
ou irreal
somos sonhos
ou versos medonhos
do tempo que temos por vida
da vida que temos por tempo
da entrada e saida, a despedidada
do coração ao pensamento
entra e consome
a alma na fome
afoga
joga
vive
no declive
das normas
olhar de várias formas
e feitios
e copos pousados
e fios
de vestidos rasgados
e nomes esquecidos
e caras no esquecimento
aquecidos aquecidos
pelo passar do tempo
descalços e em visibilidade
ao lado da espontaneidade
quem há-de vir
quem está a rir?
quem quem quem
ninguém vem quando sem
palavras fico
100 100 100
neurónios num suplico
ah lagrimas
ah sentimento
vento que desanimas
o alento
que pensas que trazes
eu sei que nao fazes por mal
mas pensa nas minhas teses
tão correctas e concretas
só tento não pensar em tretas
quando a vida nos faz caretas
o melhor...
o melhor é dispôr da dor a favor do calor com que me a-f-e-c-t-a-s
infectas............
infectas............
esse olhar de lentidão
esse sabor de... algo em vão
mas se sabe bem então
vamos viver de rastos por esse chão
de luz de água de ar de fogo
amor é só amor o resto é jogo

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Olhos

Gostava de apreciar
Sem ser apreciado
Espécie rara do olhar
Sem ser notado

Mas a onda puxa-nos ao fundo
A água engole-nos a voz
Como ter os olhos no mundo
Sem ter os olhos do mundo em nós?

Como ser sem se ser visto
Escapar á vulgar rotina
Sombra na sombra, e nisto
Luz na luz, imune á retina

Saltar entre as cores da realidade
Copiar o mundo, impune e seco
De qualquer olhar, em qualquer beco
Do segredo entre a mentira e a verdade

Como ter os olhos no mundo
Sem ter os olhos do mundo em nós?

domingo, 4 de setembro de 2005

Outro


Encontramos a Humanidade só num só. Presa em si, raramente expressando sentimentos em relação à natureza que a rodeia, expressando apenas pensamentos em relação à natureza que a compõe. Até mesmo quando se experimenta um sentimento de totalidade e paz interior, esse sentimento traz consigo, consequentemente, nostalgia e reflexão interpessoal.
Nós somos um ser social. Toda a gente o admite. A ideia de um homem completamente isolado torna-se ridícula quando nos apercebemos que é inexistente a capacidade de pensar sem nos basearmos numa vivência colectiva ou numa ideia de colectividade. Porque será que as pessoas reflectem sobre pessoas? Social ou psicologicamente estamos sempre a pensar para os outros, pelos outros ou com os outros. Até mesmo a busca interior da nossa verdade ou existência é indissolúvel dos outros. Quando pensamos na razão do nosso nascimento pensamos na razão porque dois seres anteriores ao nosso ser se uniram. Pensamos na razão porque estamos tão ligados uns com os outros, ao ponto da necessidade de união para que prossiga a criação.
Da mesma forma que a vida, a questão da morte prende-nos inevitavelmente ao outro. Quando se trata de pensar na morte o primeiro pensamento que nos ocorre é a forma e o momento. É um pensamento claramente egoísta. Mas rapidamente analisamos o caçador da nossa vida (o caçador da forma de morte), ou mesmo aqueles que contribuíram nas relações que nos levaram a esse momento e forma de morte. Depois, pensamos nas reacções tidas por aqueles que, em vida, interagiam connosco. Quem vai chorar por mim no momento do meu funeral? E daquele que chora, qual deles será mais real? Qual será o motivo do seu choro? Será real essa tristeza? Ou será apenas a percepção de que também ele acabará por morrer? E como continuará a vida na terra sem mim? Não pensamos nos rios e no sol e nas montanhas e nos ventos, que não irão interromper o seu processo cíclico por nós! Tal como os animais, mesmo com os da sua espécie, não param a sua função, o que por vezes connosco acaba por ser um factor de mudança. Nós somos os únicos aos quais a morte faz alterar a trajectória, e somos os únicos que não pensamos tão-só na morte, mas no nosso funeral.



Detesto-te por seres tu a que nos cria
Por seres tu quem sem culpa
[Detestável olhar-reflexo-alma fria]
Nos faz sentir culpados

És toda a espécie de veredictos
Assombras os sonhos com suores frios
Ou calores arrepiantes
[Pesadelo que de acordado, não despertas, adormeces aos gritos]

Fazes querer dormir
Não de sono mas de repulsa
[Repulsa de ti, insónia flatulenta]
Sono de morte de te apagar

Deixar-te a fluir por essa estrada
E esquivar-nos do caminho
Para outro sítio qualquer

Amarga, por vezes quando visão, doce
Mas na visão nunca és consumida
Ao mastigar-te és sempre amarga
[Mesmo ao mastigar-te com os ouvidos, ou com os olhos, ou com as mãos, ou com o nariz]

Não és vista, nem tocada
Nem sentida [nem falada]
[Rainha despida que nos possui com o olhar]
És simplesmente tempo a escaldar

Detesto todas as tuas esperanças
Que não são tuas, são nossas
Dissolvendo o seu sabor quando as lambes
[Onde guardas o nosso prazer?]

És uma língua comprida
Que nos desnuda
Desproteje com crueza molhada
[A nossa natureza muda]

Detesto ter de te ter
Pois ser sem ti é não ser
Mas ao ser dão-nos oportunidade de ver

Detesto-te por me roubares do meu mundo
Detesto-te por inundares o meu mundo
[Imundo de ti, tu, princípio e fim]
Detesto-te por quereres ser por mim
Ver por mim
Por quase mandares em mim
[Despertar vespetino num sono de desejo]
Por seres tudo, menos o que eu vejo,
quero ver e sonho, [sonho mas afinal]
sobre uma espéscie de quase tu, mas melhor por ser eu total.

DETESTO-TE REALIDADE!

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