sexta-feira, 23 de março de 2007

Acaso ou o poema estrangeiro


Que procuras entre os escombros?
tu que passeias pela borda,
rente à gente,
depois da chuva,
pelo sol que vai olhando cada coisa.

Que encontraste?
diz-me! que força encontraste
em cada coisa que em ti pensas que vive?

Que sonhos tiveste
que te fizeram acreditar tanto
no pouco que és,
no pouco que vês
e no pouco que fazes ver?

Eu não te invejo,
não,
o meu coração
bate como ontem
e os meus olhos continuam
presos na mesma direcção.

***

O que é que comeste ao almoço
que te fez não querer jantar?
Isto são perguntas para ti,
amor vivido pelas sombras,
paixão perdida nos caminhos
de outras vontades,
crucifixo hirto de certos modos de experimentar
o tactear do rosto,
fechado e posto
a público pelas vozes nunca soltas.

Onde moras agora
que já não precisas desta rua
e desta casa?

Agora nem casa precisas,
sentes-te segura pelo mundo,
forte e protectora dos teus pares,
reciprocamente alinhados,
a emuralhar de grinaldas
o escuro desta morte
e desta razão pura lógica,
orgulhosa, da maléfica realidade
e consequência de existir
e de ter alma.

***

Vivemos no tempo
dos argumentos.
Os factos são notícia,
são as pegadas,
que os argumentos sempre deformam ou encobrem.
As causas são passos
Que mal se ouvem.

E os teus olhos,
onde estão agora?
Eles vão voltar, brevemente,
no próximo ciclo,
nos teus lábios por nascer!

Já nasceram. Feliz?

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