segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Rua VII

Vem
Declara que a minha verdade
Não o é
E que a minha existência tem pedaços
Que não consegues captar por completo

Mais do óbvio
O teu sorriso era ouro
Agora, tu, sorriso-óbito
Preparas o meu pequeno almoço
Louro

Preferiria ter perdido a minha sanidade
A dar acção a sequências intermináveis
Mas nascendo não pude evitar um destino
E continuo achar uma porcaria estar sentado
Sem ninguém ao lado que diga umas piadas
Que ria um pouco
Que seja louco
Para nos sentirmos mais sãos

Não me podes pedir mais que a minha mão
Mas eu quero mais que a tua mão
Essa mão outra que não essa mão que tu outra me estendes
Tu, aqui, assim, nesse modo que não “ela”
Presente como uma imponente estátua pequeníssima
Instantânea reacção química que passa e fica
Canal de outro canal que se revela eficaz
Na perceção de toda uma realidade
Estupidez é não te beijar
Mas agora tu que não a outra que ainda agora se erigia
Tu que ali estavas noutro lugar que não nenhum que eu saiba
Ainda estares.
Beija-me foi tudo quanto eu não disse e desejei
Ter perdido a minha sanidade a estar sentado
Lado a lado com um destino que não comprei

Nunca tive jeito para ir às compras
Sempre me fascinaram muito mais os desperdícios
Quero sair deste estabelecimento e ir tomar um café
Com a empregada
E explicar-lhe como é complicado
Falar com três ou quatro pessoas de uma vez
Tratando todas por tu
Sem lhes retirar a importância literária
De se ser tratado por tu
Como uma carta cúbica com quatro lados
Transparentes até às letras!

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