A RUA IX
Sem mentira, menti
Atirei ao lago dourado do fim
Guardando aqui
Neste instante
A memória galopante em mim
E ela esvoaça rasgando a pele
Assemelha-se demais à realidade
Para lhe chamar-mos sonho
E é um gigante medonho
Cheio de carisma e de verdade
Enquanto a vida segue e a repele
E a afasta ou na tentativa
Se arrasta, morta e viva
E tu continuas emoldurada
Dourada
A face presente e passada
O aclamado tudo-nada
Mas tudo perde o seu rosto
O seu cheiro
O seu tacto
E do momento eu nada aprendo
Fico só… intacto
O teu tudo ficou mudo
Deixo-te partir e eu aprendo
Tudo desaparece
Desconstrução de que sou cúmplice
E fico só, que a mim me tenho um no presente,
Que o passado tem distâncias mal medidas
E o futuro são memórias doutras vidas
Não era nada disto que eu queria ter escrito
Foi tão mais belo na minha cabeça
Desculpem-me